segunda-feira, 4 de novembro de 2019

Tirai o purgatório, e a justiça seria terrível.

Vemos tantos entes queridos que deixaram esta vida, é verdade, em boas disposições, mas como eram culpados de certas faltas e não haviam feito uma pe­nitência devida, receamos às vezes pela sua salva­ção. Todavia nos diz o coração que não podiam se perder. Eram bons, tinham qualidades apreciáveis, foram talvez caridosos e fizeram algum bem nesta vida. Admitir que estejam no céu depois de tantas faltas e defeitos e ausência de penitência, não o po­demos. Dizer que estejam condenados, é muito duro, e, apesar de tudo, como poderiam ter se perdido al­mas tão caridosas e boas e que fizeram algum bem neste mundo? A idéia do purgatório se impõe neces­sariamente à nossa razão antes de se impor à nos­sa fé.

Escreve o Pe. Faber: “O purgatório explica os enigmas deste mundo. Dá solução a uma multidão de dificuldades. Em face deste sistema, que podería­mos chamar o oitavo e terrível Sacramento do fogo que atinge as almas, às quais os sete sacramentos não deram uma pureza perfeita. O purgatório é uma invenção de Deus para multiplicar os frutos da Pai­xão de nosso Salvador e que Ele estabeleceu preven­do a grande multidão de homens que deveriam mor­rer no amor de Deus, mas num amor imperfeito. Não é uma continuação além-túmulo das misericór­dias prodigalizadas no leito de morte? Isto nos es­clarece tanto e nos faz supor que muitos católicos se salvam, principalmente os que viveram neste mun­do na pobreza, no sofrimento e nas provações”.

O dogma do purgatório também encontra fun­damentos e raízes no coração humano, escreveu Mons. Bougaud. É um intermediário entre a Justiça e a Mi­sericórdia, como o divino auxiliar do amor. Tirai o purgatório, e a justiça seria terrível. Seria inexo­rável. Felizmente, esta aí o purgatório. O Amor in­finito o criou. O purgatório não serve apenas para temperar e satisfazer a justiça. Serve também para dilatar a misericórdia. Serve para explicar a mise­ricórdia de Deus que se contenta, na hora da morte, com um pouco de arrependimento do pecador.

Não é pois consolador pensar na existência do purgatório, pelo qual se poderão salvar tantas almas? A impiedade e a heresia, negando o dogma da expiação além-túmulo, se põem contra a razão. O purgató­rio, diz ainda o célebre Mons. Tiamer Toth, é a melhor resposta aos erros da reencarnação. Há um so­frimento purificador depois desta vida. O cristia­nismo ensinou isto muito antes que as filosofias ne­bulosas do Oriente semeassem na alma do homem moderno o erro da reencarnação, que não tem a seu favor argumento de espécie alguma. Também nós pregamos que há purificação além-túmulo! Esta pu­rificação se faz na justiça de Deus e com o fim de salvar uma alma por toda eternidade e torná-la dig­na da Pureza Infinita, que é Deus. O purgatório é um combate aos erros do espiritismo, porque nos manda orar e sufragar os mortos sem se preocupar em conversar com eles, na certeza de que estão nas Mãos da Divina Justiça e já não podem se comu­nicar com os vivos. Que dogma racional e de quantos erros e superstições nos livra!

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