terça-feira, 21 de janeiro de 2020

SOFRIMENTO DAS ALMAS DO PURGATÓRIO - Parte 1



1º sofrimento — Pena dos sentidos

Ó meus caros mortos, se para meu coração toda a pena fosse a da separação, seria cruel, por certo; mas o pensamento de comunicar convosco pela oração, e ainda mais a ideia de vos tornar a ver no Céu, e de vos tornar a ver mais santos e mais amantes, aliviaria esta dor; mas, ah! este mesmo pensamento que me dá a esperança de vos tornar a ver, leva-me a contemplar-vos nas chamas do Purgatório, sofrendo e consternados.
Não escutarei a imaginação, que poderia levar-me além da realidade; quero ouvir os santos, e o que me dizem eles acerca do que vós sofreis, é bastante para excitar a minha compaixão, e obrigar-me a socorrer-vos.
«Reuni, diz Santa Catarina de Gênova, todas as penas que os homens têm sofrido, sofrem e sofrerão, desde o principio do mundo até o fim dos tempos; juntai todos os tormentos que os tiranos e os algozes têm feito sofrer aos mártires; será uma pálida imagem dos tormentos do Purgatório; e, se às pobres encarceradas fosse permitida a escolha, prefeririam aqueles suplícios durante mil anos a ficarem no Purgatório mais um dia; porque, diz S. Tomás, o fogo que os envolve é o mesmo que atormenta os condenados no inferno, e esse fogo, oh, é terrível!»
Deus, escolhendo o fogo, soube achar um reparador digno de sua justiça!
Não há dor, dizem os que têm estudado a natureza desse elemento, que iguale a que ele causa. Não objeteis que o corpo não está no Purgatório: a dor, diz S. Tomás, não é o golpe que se recebe, mas a sensação dolorosa desse golpe. Quanto mais delicadeza há nessa sensação, mais viva é a dor, e a alma, ainda sendo ferida, ela sozinha experimenta ao mesmo tempo a aflição que lhe fariam sofrer todos os membros do corpo atacados separadamente. Esse fogo do Purgatório, cuja natureza não conhecemos, dotado por Deus de uma espécie de inteligência para esmerilhar nos recessos da alma e consumir todas as manchas que lhe deixou o pecado, obra ao mesmo tempo sobre a imaginação e a memória, sobre o juízo e a vontade... Não aprofundemos mais este ponto; porém, fixando a atenção, escutemos o grito pungente que, do fundo desse abismo de fogo, vem até nós: Eu sofro, sofro muito no meio destas chamas: uma gota d'água! uma prece, por piedade!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Felicidade de ser útil aos mortos

                         Felicidade de ser útil aos mortos



«Oh, se tudo estivesse acabado para sempre, se eu não pudesse me ocupar mais dele, se não tivesse mais o prazer, não digo só, de torná-lo a ver no Céu, mas de lhe ser ainda útil durante o resto de minha vida, como seria isto cruel!» dizia uma pobre mãe junto ao corpo inanimado de seu filho. Deveria ser muito doloroso, sim; mas consolai-vos, pobres filhos, vós podereis ainda ser úteis àqueles que a morte vos roubou, podeis ajudá-los a mais depressa ganhar o Céu! A Igreja compreendeu essa necessidade de vosso coração e deu alimento a vosso amor. 
A morte separa: parte os laços materiais que nos prendiam uns aos outros; não dissolve os laços imateriais que ligavam uma alma a outra alma, um coração a outro coração. Está longe, não está perdido: é o grito da alma cristã, e assim, um pai, uma mãe, um filho podem sempre ocupar-se daqueles que amavam, quando os possuíam consigo, e que ainda prezam, mesmo sem os verem. Os atos de dedicação, de que foram cheios os vossos dias e que tinham por objeto fazê-los felizes, podeis praticá-los ainda, e, oferecendo-os a Deus pelo repouso dessas almas, vós continuareis a trabalhar em sua felicidade. O trabalho material que fazíeis por eles podeis prossegui-lo ainda em sua intenção, e o fruto lhes será aplicado pela misericórdia divina. As riquezas que acumuláveis para eles, podeis juntá-las ainda, e o que em seu nome distribuirdes aos pobres, lhes há de ser comunicado por Deus de um modo muito mais útil do que vós mesmos o teríeis feito. «Conheci, diz o Visconde Walsh, um luterano que, por amor de nossa crença no Purgatório, se fez católico. Perdera um irmão querido no meio de um banquete e lembrava-se a cada instante, dessa passagem tão brusca de uma orgia para o fundo de um féretro. Ah! disse-me ele num dia de finados, por causa de meu irmão vou me fazer católico... Quando me for permitido rezar por meu irmão, então respirarei, viverei para pedir todos os dias o Céu para aquele a quem tanto estimei na terra. Vossa Igreja faz que os seres que se prezam possam ajudar-se mutuamente ainda depois da morte. Vossas orações tiram ao sepulcro sua mudez pavorosa, Vós conversais ainda com os que já partiram desta vida; conhecestes a fraqueza humana, essa fraqueza que não é crime, mas ainda menos é a pureza; e, entre os limites do Céu e do inferno, Deus vos revelou um lugar de expiação, o Purgatório. Meu irmão está aí, talvez: eu me faço católico para libertá-lo dessa prisão para me consolar neste inundo, para me aliviar deste peso que me oprime, peso que eu não sentirei mais, quando me for dado orar.»

domingo, 19 de janeiro de 2020

Salvo pelas almas do purgatório

Nos arredores de Roma vivia um moço cuja vida de escândalos e de pecados era bem conhecida de todos. Todavia, o infeliz, apesar de tão pecador, con­servava a fé e não deixava a devoção de sufragar quanto podia as almas do purgatório. Mandava cele­brar Missas por elas, rezava e dava esmolas aos po­bres nesta intenção. Era a única prática de piedade em meio de tantos pecados. Naturalmente, este moço com seu temperamento arrebatado e valentão, tinha grande número de inimigos, e andavam estes plane­jando matá-lo em um momento oportuno. Sabiam os inimigos que havia de passar ele pela estrada de Trivoli e preparam-lhe uma emboscada. Ao se aproxi­mar da estrada, numa encruzilhada perigosa, a ca­valo, deu com um pobre moço enforcado numa árvo­re. Era um criminoso condenado à morte, cujo cadá­ver ainda pendia para escarmento dos bandidos. O jovem tinha costume de nunca deixar de rezar pela alma de quantos via mortos. Parou, desceu do cava­lo, ajoelhou-se diante do cadáver e rezou por aquela alma. Uma voz misteriosa se ouviu: desce e corre, porque te perseguem! Assustado, desceu, correndo pela estrada. Os inimigos descarregaram as armas e como viram o cadáver do enforcado caído, julgaram ser o jovem, e fugiram às pressas.

Uma voz se fez ouvir, então, ao jovem: meu amigo, aquela descarga deveria te matar e lançar tua alma pecadora no inferno. A misericórdia de Deus te salvou pela caridade que praticas para com as al­mas do purgatório. Elas te socorreram. Muda de vida enquanto é tempo.

O moço, todo contrito e sinceramente arrependi­do da sua má vida, resolveu deixar o mundo; entrou numa ordem austera, fez penitência e levou vida san­ta até o fim dos seus dias. — (Citado por Rossingnoli, 5.ª maravilha — e J. B. Manni, Sacra Trig. Disc. 12.).

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

LIÇÕES DADAS PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO PARTE 2

II. Reparar os pecados pela penitência



Santa Brígida viu, um dia, ante o Soberano Juiz, uma alma do Purgatório, que estava trêmula e confusa e a quem era intimada que declarasse publicamente os pecados que não tinham sido seguidos de penitência suficiente e que lhe haviam merecido a punição que sofria. A alma exclamava com uma voz que cortava o coração: Infeliz de mim, infeliz! — e em soluços, fazia a enumeração de tudo o que a manchava e prendia tão longe do Céu. Não reproduziremos essa visão, mas dela extrataremos a relação das principais faltas que, como vermes roedores, torturam uma pobre alma do Purgatório. «Perdi meu tempo, esse tempo bem precioso do qual todos os momentos podiam servir para expiar meus pecados, praticar uma virtude, merecer o Céu: eu o perdi em conversações fúteis, em ocupações banais e sem objeto, em leituras recreativas demasiado prolongadas; — é por isso que sofro! Esqueci por negligência minhas penitências sacramentais: as fiz mal por dissipação, e aceitei-as sem espírito de fé: — é por isso que sofro! Caí em murmurações contra meus superiores, meu confessor, meus parentes; murmurações leves, sem dúvida, mas partidas do amor próprio magoado, da falta de respeito, do ciúme; — é por isso que sofro! Consenti em pensamentos de vaidade a respeito do trajar, sobre os acessórios da casa, acerca de predicados de família; vesti-me com orgulho, segui as modas com ostentação, afetei um asseio exagerado; — é por isso que sofro.
Eu me proporcionei, sem nenhuma necessidade, pequenas sensualidades durante minhas refeições e fora delas, num viver voluptuoso e descuidado, num zelo excessivo do bem estar, no abuso do descanso corporal, na fuga de tudo que naturalmente modificaria os sentidos;— é por isso que sofro! Em conversação, atirei ditos espirituosos com o fim de ser elogiado, apreciado, distinguido, e para brilhar mais que os outros; — é por isso que sofro! Faltei à caridade que me chamava em socorro do próximo: faltei à caridade, deixando de o consolar, de o defender, de o aconselhar ao bem; conservando voluntariamente um pequeno pensamento de rancor, de inveja; — é por isso que sofro! Omiti por negligência e incúria muitas comunhões que me eram permitidas: fui remisso em minhas devoções, pouco aplicado em meu terço e na oração; — é por isso que sofro!» Meu Deus! como estas confissões me instruem!

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

LIÇÕES DADAS PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO PARTE 1

I. Horror ao pecado

ue boas lições, diz o Padre Faber, podemos retirar da meditação do Purgatório! A primeira, a que domina todas as ou traz, é o amor da pureza, em geral, e como consequência, o temor de ofender a Deus, a fuga das ocasiões do pecado, — o desejo de mortificar-se para expiar as próprias faltas, — o zelo em ganhar as indulgências.
Apenas desprende-se do corpo, a alma se encontra, sem poder explicar como se dá isto em face de Deus, a quem vê, a quem conhece... e sente-se naturalmente atraída a ele com uma violência que nada tem de comparável na terra... Mas, de repente, revela-se-lhe a pureza de Deus, — essa pureza que é alguma coisa de indizível em linguagem humana, e, conhecendo-se ainda maculada, embora levemente, concebe tal horror de seu estado e logo tal desejo de se purificar para se unir a Deus, que se precipita incontinente nas chamas do Purgatório onde espera a sua purificação. Assim entende Santa Catarina de Gênova, a qual acrescenta: «Se esta alma conhecesse outro Purgatório mais terrível, em que se purificasse mais depressa, aí é que ela se arrojaria na veemência de seu amor por Deus. Havia de preferir mil vezes cair no inferno a comparecer ante a Divina Majestade com a mais ligeira mancha.» E, no Purgatório, essa alma justa e amante deixa de olhar tudo o mais para fixar duas coisas: a pureza de Deus a quem ama, e a necessidade de se tornar digna dessa pureza. Entretanto, sofre, e sua dor é tanto mais viva quanto ela ignora completamente quando cessará o exílio que a tem longe de Deus! Diz ainda Santa Catarina: «É tão cruciante a pena, que a língua não pode exprimi-la, nem a inteligência conceber-lhe o rigor. Conquanto Deus em sua bondade me tenha permitido entrevê-la um instante, não a posso descrever... Todavia, se uma alma, que ainda não está purificada, fosse admitida à visão de Deus, sofreria dez vezes mais do que no Purgatório; porque não estaria em condições de acolher os efeitos dessa bondade extrema e misericordiosa justiça. » Não é verdade que tal doutrina nos faz temer a menor falta e amar cada vez mais a pureza? Roguemos às almas do Purgatório que nos alcancem o horror do pecado.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

Se soubes­sem o que é o purgatório, haviam de sofrer tudo, tudo para evitar e para aliviar as almas que lá estão ca­tivas.

A Obra Expiatória de Montligeon publicou com aprovação da autoridade eclesiástica, o seguinte fato:

No mês de Setembro de 1870, uma religiosa do Mosteiro das Irmãs Redentoristas de Malines, na Bélgica, sentiu repentinamente uma profunda tristeza que não a deixava dia e noite. A pobre Soror Maria Serafina do Sagrado Coração tornou-se um enigma para si própria e a comunidade. Pouco depois, chega a notícia da morte do pai da boa Irmã, nos campos de combate. Desde este dia, a religiosa começou a ouvir gemidos angustiosos e uma voz que lhe diz sempre:

— Minha filha querida, tem piedade de mim! Tem piedade de mim!

No dia 4 de Outubro novos tormentos para a Irmã e uma dor de cabeça insuportável. No dia 14 à noite, ao deitar-se, viu ela entre a cama e a parede da cela o pai cercado de chamas e imerso numa tris­teza profunda. Não pôde reter um grito de dor e de espanto. No dia 15 à mesma hora, ao recitar a Salve Rainha, viu de novo o pai entre chamas. A esta vista, perguntou a Irmã ao pai se havia ele cometido algu­ma injustiça nos seus negócios.

— Não, responde ele, não cometi injustiça al­guma. Sofro pelas minhas impaciências contínuas e outras faltas que não te posso dizer.

No dia 27, nova aparição. Desta vez não estava cercado de chamas. Queixou-se de que não era ali­viado porque não rezaram bastante por ele.

— Meu pai, não sabes que nós religiosas não po­demos rezar o dia todo, temos os trabalhos da Regra?

— Eu não peço isto, diz ele, quero que apliquem por mim as intenções, as indulgências. Se não me ajudares, eu te hei de atormentar. Deus o permitiu! Oh! Minha filha, lembra-te que te ofereceste a Nosso Se­nhor como vítima. Eis a consequência. Olha, olha, mi­nha filha, esta cisterna cheia de fogo em que estou mergulhado! Somos aqui centenas. Oh! Se soubes­sem o que é o purgatório, haviam de sofrer tudo, tudo para evitar e para aliviar as almas que lá estão ca­tivas. Deves ser uma religiosa muito santa, minha filha, e observar bem a Santa Regra, ainda nos pon­tos mais insignificantes. O purgatório das religio­sas, oh! É uma coisa terrível, filha!

Soror Maria Serafina viu, realmente, uma cister­na em chamas donde saiam nuvens negras de fumo. E o pai desapareceu como que abrasado, sufocado horrorosamente, sedento, a abrir a boca mostrando a lín­gua ressequida:

— Tenho sede, minha filha, tenho sede!

No dia seguinte a mesma aparição dolorosa:

— Minha filha, há muito tempo que eu não te vejo!

— Meu pai, ontem mesmo...

— Oh! Parece-me uma eternidade... Se eu ficar no purgatório três meses, será uma eternidade... Estava condenado a diversos anos, mas devo a Nossa Senhora, que intercedeu por mim, ficar reduzida a pena a alguns meses apenas.

Esta graça de poder vir pedir orações, o bom homem alcançou pelas suas boas obras, pois era ex­tremamente caridoso e devoto de Maria. Comunga­va em todas as festas da Virgem e ajudou muito na fundação de uma casa de caridade das Irmãzinhas dos pobres da Diocese.

Soror Maria Serafina fez diversas perguntas ao pai:

 As almas do purgatório conhecem os que re­zam por elas e podem rezar por nós?

—Sim, minha filha.

— Estas almas sofrem ao saberem que Deus é ofendido no meio de suas famílias e no mundo?

— Sim.

A Irmã, orientada pelo seu confessor e pela Su­periora, continuou a interrogar o pai:

— É verdade, meu pai, que todos os tormentos da terra e dos mártires estão muito abaixo do sofri­mento do purgatório?

— Sim, minha filha, é bem verdade tudo isso. . .

Perguntou se todas as pessoas que pertencem à Confraria do Carmo são libertadas no primeiro sába­do depois da morte do purgatório.

— Sim, respondeu ele, mas é preciso ser fiel às obrigações da Confraria.

— É verdade que há almas que devem ficar no purgatório até cinquenta anos?

— Sim. Algumas estão condenadas a expiar os seus pecados até o fim do mundo. São almas bem culpadas e estão abandonadas. Há três coisas que Deus pune e que atrai a maldição sobre os homens: a violação do dia do domingo pelo trabalho, o vício impuro que se tornou muito comum, e as blasfêmias. Oh! Minha filha, as blasfêmias são horríveis e pro­vocam a ira de Deus.

Desde este dia até à noite de Natal, sempre aparecia a Soror Maria Serafina a alma atormentada do seu bom pai, pela qual ela e a comunidade oravam e faziam penitências. Na primeira missa do Natal, a boa Irmã viu seu pai à hora da elevação, brilhante como o sol, de uma beleza incomparável.

— Acabei meu tempo de expiação, filha, venho te agradecer e às tuas Irmãs as orações e sufrágios. Rezarei por todas no céu.

E ao entrar na cela, de madrugada, viu a Irmã Serafina mais uma vez a alma do pai resplandecente de luz é de beleza, dizendo:

— Pedirei para tua alma, filha, perfeita conformidade com a vontade de Deus e a graça de entrar no céu sem passar pelo purgatório.

E desapareceu num oceano de luz e de beleza.

Estes fatos se deram de Outubro a Dezembro de 1870 e passaram pelo crivo de um severo e rigoroso exame das autoridades eclesiásticas antes de serem publicados e divulgados amplamente pela Obra Expiató­ria de Nossa Senhora de Montiglion, na França.

terça-feira, 14 de janeiro de 2020

4° Motivo para Socorrer as Almas do Purgatório

Quarto motivo: O julgamento que nos espera após a morte

Ouvi estas palavras do Evangelho: O que fizerdes ao mínimo dos meus, é a mim que o fazeis. — Sereis medidos com a mesma medida de que houverdes usado com outros. Virá um dia, e talvez esse dia não esteja longe, em que estareis vós mesmos no lugar da terrível expiação. Conhecereis então, por uma experiência pessoal e dolorosa, o que é o Purgatório; e, como as pobres almas que lá sofrem a esta hora, clamareis com um acento aflitivo: — tende piedade de mim, tende piedade! E, por uma justa permissão divina, estes gritos despedaçadores penetrarão na alma daqueles a quem vos dirigirdes na medida em que agora as súplicas das almas calam em vosso coração: esquecestes? sereis esquecido!; repelistes como importunos seus pedidos de orações? vossas instâncias também serão repelidas; — não quisestes sofrer uma privação para dar uma esmola em favor dos mortos? não se fará esmola em vosso beneficio. E assim ficareis só, sem amigos, obrigado a permanecer no fogo purificador até expiardes vós mesmo ainda a mais pequena mancha. E, mesmo quando, mais caridosos que vós, vossos parentes intercedessem por vosso livramento, Deus, árbitro supremo da aplicação de seus sufrágios, quiçá não vos deixará sentir em toda sua medida os efeitos de uma caridade da qual vos tornastes tão pouco digno. Oh! não nos coloquemos em condições de ser assim abandonados!
Mas, se houverdes sido bom, dedicado, generoso com essas pobres almas, é Deus — Ele o disse — é Deus mesmo que vos retribuirá, e no cêntuplo, o que tiverdes feito em seu nome pelos seus, e, até dado que vossos parentes e amigos vos abandonem, Deus suscitará boas almas que hão de orar e expiar por vós; ou, talvez, por uma abundância de graça toda especial, aumentando aqui mesmo na terra vosso amor por Ele, vos fará expiar em vida todos os vossos pecados. Deus é muito justo para deixar uma só ação boa sem recompensa, e, recompensando como Deus, dá sempre mais do que se lhe deu. Terminemos com estas palavras de Santo Ambrósio: «Tudo o que damos por caridade às almas do Purgatório converte-se em graças para nós, e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado.» O Purgatório é como um banco espiritual em que podemos depositar cotidianamente nossas boas obras, por menores que sejam; e aí estão em seguro e se multiplicam; e, quando nos vemos aflitos e inquietos, daí vem, como viria o rendi-mento de um dinheiro depositado, a luz, a força e a prudência que nos são preciosas em nossas dificuldades. Sejamos, pois, generosos, muito generosos.

domingo, 12 de janeiro de 2020

3° Motivo para Socorrer as Almas do Purgatório

Terceiro motivo: — As principais virtudes que assim praticamos

Socorrendo as almas do Purgatório, praticamos a caridade em toda a sua extensão. «A devoção às almas do Purgatório, diz S. Francisco de Sales, encerra todas as obras de misericórdia, cuja prática, elevada ao sobrenatural pelo espírito de fé, nos há de merecer o Céu.»
Descer ao meio desses fogos devoradores, levar às almas prostradas em seu leito de chamas a esmola de nossas orações, não é, de algum modo, visitar os enfermos? Não é dar de beber aos que têm sede, chover o doce orvalho de graça celeste sobre as almas que ardem na sede de ver a Deus face a face? Adiantar para elas o momento em que hão de entrar na posse da bem aventurança, do Céu, de Deus, do qual estão mais famintas do que o mendigo o está do pedaço de pão que lhe estendemos: é, em verdade, alimentar os que nos pedem de comer. Nós remimos cativos, pagando o resgate das santas almas prisioneiras da justiça divina, despedaçando as cadeias que as retêm longe do Céu, e que cadeias! Vestimos com magnificência os que estão nus, abrindo, com a nossa penitência, aos mortos a mansão de glória em que o Senhor lhes tem preparado uma túnica de luz de eternos esplendores.
Que admirável hospitalidade exercemos, introduzindo-as na Jerusalém celeste, na cidade triunfante dos espíritos bem aventurados! Poderíamos acaso comparar o mérito do sepultar corpos dados em pasto aos vermes, com a inapreciável felicidade de fazer subir ao Céu almas imortais?» Sufragando as almas do Purgatório, exercitamos a gratidão. Certamente não são estranhos aos que imploram socorro, são os nossos: pai, mãe, amigos... Esses corações dedicados que outrora tanto trabalharam e sofreram, que, por nossa causa talvez — por nos amarem com excesso, —cometeram essas faltas, em cuja expiação sofrem agora; — esses corações que muitas vezes ferimos com a nossa indiferença, com as nossas queixas, com recriminações mesmo: hoje que não palpitam mais na terra, não é verdade que sentimos remorsos de não lhes haver testemunhado bastante a nossa afeição? Pois bem, nós podemos reparar tudo, orando por eles! Muitas vezes os deixamos sós: vamos pensar neles; muitas vezes lhes desobedecemos: escutemos suas súplicas e façamos por eles tudo o que nos pedem; — faltamos-lhes à complacência e à afabilidade, preferimos nosso prazer à sua felicidade: privemo-nos de alguns momentos de distração para consagrá-los a orar por eles.
Ó meus queridos mortos, sereis contentes daquele que tanto se arrepende de vos haver penalizado na terra: eu vo-lo prometo.

sábado, 11 de janeiro de 2020

2° Motivo para Socorrer as Almas do Purgatório

Segundo motivo: O serviço que prestamos a nós mesmos

1º. Adquirimos um protetor certo no Céu. A alma que nossas orações tiverem libertado, contraiu para conosco, só pelo fato de seu resgate, uma estrita obrigação de reconhecimento; primeiro, diz o padre Faber, pela glória da qual lhe antecipamos a hora; depois, em razão dos horríveis sofrimentos aos quais a arrancamos; assim, é para ela um dever obter-nos incessantes graças e bênçãos. No Céu também se ama e se é reconhecido! E não é somente essa alma que fica reconhecida, é seu anjo da guarda também, é a Santíssima Virgem a quem essa alma era consagrada, é o próprio Jesus que a nossas orações deve o glorificá-la mais cedo. — E o anjo da guarda, e Maria e Jesus, também eles nos testemunham sua alegria com benefícios novos.
2º. — Constituímos no Céu um representante nosso que, em nosso nome, adora, louva e glorifica o Senhor. — Aquele que serve a Deus na terra, nunca está satisfeito; não sabe, não pode amar como deseja e sente a necessidade de fazê-lo; mas, se libertou uma alma do Purgatório, oh que alegria, que consolação a de poder dizer: Uma alma santa que ama perfeitamente a Deus, foi amá-lo por mim; e, enquanto eu estou na terra ocupado, nas funções e trabalhos da vida, talvez até esquecendo-me de Deus, lá no Céu ela, talvez muitas, sem interromperem um só momento seu cântico de amor indizível, adoram, glorificam a majestade e a beleza do Altíssimo, e fazem-no em meu nome! 3º. — Constituímos protetores nossos as almas por quem oramos. O ensino comum dos teólogos é que, não podendo as almas do Purgatório orar eficazmente por si, podem, todavia, alcançar graças para nós, «São santas, diz Suarez, caras a Deus; a caridade leva-as a nos amar... Por que não intercederão conosco, mesmo quando expiam por si? É o que se dá conosco sobre a terra, pois que, embora devedores em relação a Deus, não hesitamos nunca em rogar pelo próximo.» Pode-se, portanto, invocá-las nas necessidades, nos perigos, nas inquietações. Os fiéis o praticam habitualmente e há poucas almas piedosas que não possam dizer: Quando tenho pedido alguma graça pelas almas do Purgatório, é raro que não a tenha alcançado.

 

sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

1° Motivo para Socorrer as Almas do Purgatório

ALÍVIO ÀS ALMAS DO PURGATÓRIO
Motivos que nos determinam a socorrer às almas do Purgatório



 É verdade que nós, frágeis e míseras criaturas, podemos prestar serviço a Deus, podemos realmente lhe ser úteis? Sim, diz Bourdaloue, cuja doutrina é sempre segura, sim, podemos. O Purgatório é um estado de violência para o próprio Deus. Ali, vê Deus almas a quem quer com um amor sincero, terno e paternal, almas que sofrem e às quais todavia não pode Ele acudir, — almas cheias de mérito, de santidade, de virtude, mas a quem não pode Ele ainda remunerar, — almas que são suas escolhidas, suas esposas, e que Ele é forçado a ferir e castigar... Pois bem! nós podemos, nós, pobres criaturas, fazer cessar esse estado de violência, dando à justiça divina tudo o que ela pede... Não me é dado compreender o que se passa no coração do Senhor, quando com as minhas orações e boas obras eu tiro uma alma do Purgatório, e essa alma, numa espécie de delírio de alegria, vai lançar-se no seio de Deus, dizendo-lhe: Meu pai! meu pai! — mas imagino o que ex-perimentaria o coração de uma mãe que, tendo conhecimento de que seu filho foi condenado à prisão por muitos anos, o visse, de repente, trazido por um amigo que o houvesse libertado. Oh que alegria! oh que amplexo! — e que reconhecimento pelo salvador desse filho. É esta alegria, esta felicidade a que eu proporciono a Deus! é esse reconhecimento o que obtenho em seu coração. E, além da alegria que ocasiono a Deus, concorro também para sua gloria, essa gloria de que Deus é tão cioso. Ouçamos ainda Bourdaloue: «Nós admiramos, diz ele, esses homens apostólicos que, levados pelo espírito de Deus, atravessam os mares e vão aos países bárbaros ganhar a Deus os infiéis, mas compreendeis que a devoção das almas do Purgatório para seu alivio e livramento é uma espécie de zelo que, em relação a seu objeto, não cede ao da conversão dos pagãos e até o vence de certo modo. É que, sendo as almas confirmadas na graça, hão de ser incomparavelmente mais nobres aos olhos de Deus que as dos pagãos elas estão, mormente na ocasião, num estado muito mais apto para glorificar a Deus que as dos infiéis.» Qual de nós recusar-se-á a contribuir assim para a felicidade e glória de Deus?

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

A Esperança - Parte 3




«Oh! como desconhecemos nós o coração de Deus! quando o homem está prestes a morrer, o homem que ele criou por suas mãos, sobre quem velou com ternura (durante a vida, a quem seguiu passo a passo, a quem tocou e iluminou para chamá-lo a si e que não atendeu a nada disto; quando está à morte, Deus se prepara para dar-lhe o derradeiro combate, o combate do amor, o combate supremo de uma mãe que, vendo o filho quase arrebatado, fica louca, terrível, chega ao paroxismo da indignação e do amor. Desce, por isso, esse Deus de bondade; inclina-se esse pai inquieto, para o leito de dor em que vai morrer um de seus filhos. Apela para tudo o que havia já empregado com o fim de o vencer, luzes, graças, ternuras, benefícios: Eu vo-los dei às mãos cheias, tê-los-eis sem medida! Se o enfermo rende-se aos primeiros assaltos, vê-se o triunfo, e a religião ganha a conversão de um pecador. Mas, se o homem resiste e, antes de ter cedido, cai nas sombras que precedem a morte, nem por isso termina o combate. Ao contrario, redobra de esforço, e a vitória pode ainda ser de Deus, mesmo quando não há mais para os homens nenhum meio de o saber. Quando os olhos do enfermo ficam turba-dos; quando as extremidades ficam frias; quando para verificar se ainda vive precisa-se pôr a mão sobre seu coração: se a mão do homem fosse mais sensível, sentiria a luta que continua, a luta suprema. Trata-se de obter uma palavra, nada mais do que uma simples palavra, um alento, um leve movimento! Deus trabalha para isso com a obstinação do amor: e quem não compreende que Deus, lutador hábil, há de consegui-lo muitas vezes? Vós dir-me-eis: Que é que sabeis, ao certo, em tudo isso? onde encontrastes a história dessa luta? Respondo: Achei-a em vosso coração. Sois pai? sois mãe? O que eu digo, não o faríeis vós? Então, o coração de Deus não velará o vosso?! tereis vós a gloria de fazer por vossos filhos mais do que Deus pelos seus? Impossível. É assim, ó religião divina, que não há dor alguma sem consolação: tu as refrigeras todas na esperança.» « Minha luz divina, — dizia Nosso Senhor a Santa Gertrudes, que lhe pedia graças para um pobre pecador falecido sem sacramentos,—minha divina luz que penetra no futuro, manifestando-me que vós faríeis por ele esta oração, eu lhe despertei no coração boas disposições que o preparassem a gozar os efeitos da vossa caridade.» Palavras de consolação! diz o padre Blot: Na previsão de nossas orações futuras, Deus se digna conceder ao pecador moribundo boas disposições que assegurem a salvação de sua alma! Sim, palavras consoladoras, bem próprias para nutrir a esperança em nossa alma.

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

A Esperança - Parte 2



Ainda algumas palavras de esperança sobre as almas de nossos mortos. Fala o padre Bougaud em sua obra: O Cristianismo e os tempos presentes. «Quem poderá narrar as misericórdias de Deus no leito de morte de seus filhos? Aí nessas sombras confusas da hora ultima, em que o olhar do homem nada mais distingue, quem pode saber o que se passa entre Deus e uma alma? Quando o espírito paira nos lábios como um ligeiro sopro, já não mais da terra, nem ainda do Céu: no momento: em que Deus se inclina para recolher essa alma, quem poderá dizer o que se passa? Uma mãe repeliria seu filho, ainda mesmo sendo um ingrato? não tentará ela por todos os meios trazê-lo de novo a si? Não irá sempre ao seu encontro, até o fim? não esgotará todos os recursos para salvá-lo, a despeito de toda a obstinação dele em fugir-lhe? Ora, Deus é mais do que a mãe. Vede o que fez Ele para tornar impossível a perda das almas! Não lhe bastou haver-nos envolvido nessa graça que nos previne, nos segue e nos banha como uma atmosfera. Foi pouco ter estabelecido sete sacramentos, isto é, sete rios de luz e de força que inundam a vida inteira e cada um de seus períodos, como tudo isso não satisfazia ainda seu coração de pai, vede e adorai a maravilhosa invenção de seu amor. Estais enfermo: já sentis que sobre vós estende a morte suas negras asas. Acodem-vos à memória vossos pecados, vossas fraquezas, aquele ato do qual vos disse a consciência: Isto, incontestavelmente, é um mal. O sacerdote não chega a tempo de recolher vossa confissão, oferecê-la a Deus e vos perdoar em seu nome: que fazer? Vós tendes um coração: arrancai dele um alento, um grito, uma lágrima, uma palavra de arrependimento, um ato de amor, um só! sereis logo absolvido: ficais purificado e perdoado. Aquele homem, prestes a morrer, ainda há pouco blasfemava; o sacerdote veio, ele o repeliu: apresentaram-lhe o Crucifixo, ele o afastou com a mão. Foi seu derradeiro movimento; seu último ato. Os socorros da religião não poderão chegar mais até sua alma já profundamente mergulhada nas sombras da morte. Mas resta-lhe o coração, e, para ser salvo, perdoado, que será preciso? Um simples ato de amor, um só desejo, um só pesar, uma só palavra: Meu Deus, eu vos amo! Homens cegos, que chorais de desespero em redor desse leito! talvez à mesma hora os anjos conduzam essa alma com gritos de alegria. Ela salvou-se com esse ato de amor. O Purgatório a recebeu.
Esse homem que acaba de suicidar-se, cometeu um crime sinistro. A Igreja afasta-se com horror de seus restos mutilados, e faz bem. Mas ensinará ela que o mísero esteja perdido sem recurso? Não, absolutamente ; pois quem sabe o que fez este alma no momento em que, lacerada, partiu desse mundo? Quem sabe o que ela viu ao clarão do tiro de morte? que revelação teve ao disparar a arma fatal? Teve muito pouco tempo! direis vós. Ah! que importa? Uma palavra, um grito, um olhar, um transporte de amor a Deus, basta para que ela saia deste mundo purificada.»

sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

Quanto tempo as almas permanecem no purgatório? Parte II

Pecados Veniais Seria difícil calcular o imenso número de pecados veniais que um católico comete.
1) Há um infinito número de faltas no amor, egoísmo, pensamentos, palavras, atos de sensualidade, também em formas variantes, como faltas de caridade no pensamento, palavra, obra, e omissão.
Sensualidade, vaidade, zelos, tibieza e outras inumeráveis faltas.
2) Há pecados por omissão que não pagamos.
Amamos tão pouco a Deus, e Ele clama centenas de vezes por nosso amor.
O tratamos friamente, indiferentemente e até com ingratidão.
Ele morreu por cada um de nós .
Temos-lhe agradecido como se deve? Ele permanece dia e noite no Santíssimo Sacramento do Altar, esperando por nossas visitas, ansioso de ajudar-nos.
Quão pouco vamos a Ele? Ele ânsia vir a nós na Santa Comunhão, e o recusamos.
Se oferece a Si mesmo por nós cada dia no Altar na Missa e dá oceanos de graças a aqueles que assistem ao Santo Sacrifício.
Ainda alguns são tão preguiçosos de ir a Seu Calvário! Que desperdício de graças!
3) Nossos corações estão cheios de amor a nós mesmos, duros.
Temos casas felizes, esplendida comida, vestido, e abundância de todas as coisas.
Muitos de nossos próximos vivem na fome e a miséria, e lhe damos tão pouco, enquanto que vivemos no desperdício e gastamos com nós mesmos sem necessidade.
4) A vida nos foi dada para servir a Deus, para salvar nossas almas.
Muitos cristãos, sem dúvida , estão satisfeitos de rezar cinco minutos a manhã e cinco à noite! O resto das 24 horas estão dedicados ao trabalho, descanso e prazer.
Dez minutos a Deus, a nossas almas imortais, ao grande trabalho de nossa salvação.
Vinte e três horas e cinqüenta minutos a esta transitória vida! é justo para Deus? Nossos trabalhos, nossos descansos e sofrimentos deveriam ser feitos para Deus! Assim deveria ser, e nossos méritos seriam com certeza grandes.
A verdade é que hoje em dia poucos pensam em Deus durante o dia.
O grande objetivo de seus pensamentos são eles mesmos. Eles pensam e trabalham e descansam para satisfazer a si mesmos.
Deus ocupa um pequeníssimo espaço em seus dias e suas mentes. Isto é uma tristeza a Seu Amantíssimo Coração, o qual sempre pensa em nós.
E agora, os pecados Mortais Muitos cristãos cometem, desafortunadamente, pecados mortais durante suas vidas, mas ainda que os levam ao Sacramento da confissão, não fazem penitência por eles, como já temos dito.
São Brida o venerável, opina que aqueles que passam grande parte de sua vida cometendo graves pecados e confessando-os em seu leito de morte, podem chegar a ser retidos no Purgatório até o Dia Final.
Santa Gertrudes em suas revelações disse que aqueles que cometem muitos pecados graves e que não tenham feito penitencia não gozam de nenhum sufrágio da Igreja por um considerável tempo! Todos esses pecados, mortais ou veniais, se acumulam por 20,30,40,60 anos de nossas vidas.
Todos e cada um deverão ser expiados depois da morte. Então, é espantoso que algumas almas tenham que estar no Purgatório por tanto tempo.

A Esperança Parte 1



 Um pensamento sombrio vem, talvez, lançar o terror na alma à hora em que evoca a lembrança de seus mortos. «Ah! diz ela, eu me tranquilizaria, ficaria em paz e me julgaria feliz, se pudesse contá-lo no Céu, se houvesse falecido cercado das preces da Igreja e purificado pelos últimos sacramentos, Mas ah! morreu de repente, morreu longe do bom Deus a quem tinha esquecido em sua vida inteira!» Pobre coração aflito, eu vos responderei a isto com as palavras que a Igreja me autoriza a dizer-vos: A Igreja não condena definitivamente a ninguém. Baixa decretos para declarações de que uma alma está no Céu e assim pode ter culto, mas nunca expede nenhum, publicando que uma alma esteja no inferno. São Francisco de Sales não queria que se desesperasse nunca da conversão dos pecadores até seu último suspiro, e, ainda depois de mortos, não admitia que se julgasse mal mesmo dos que tinham levado uma vida irregular, a não ser daqueles cuja condenação consta da Escritura. Alegava como razão disso que nem a primeira graça nem a derradeira, que é a perseverança, se dá por mérito, isto é, ambas são de todo gratuitas. Entendia, portanto, que se devia presumir sempre bem da pessoa que expirava, ainda não sendo sua morte edificante, porque todas as nossas conjecturas só se podem firmar sobre as aparências, e essas, muitas vezes, iludem ainda os mais experientes. «Entre o último suspiro do moribundo e a eternidade, há um abismo de misericórdia, » disse um bispo ilustre. — Passam- se entre Deus e a alma certos mistérios de amor que nós só conheceremos no Céu. Que precisa este agonizante para obter o perdão? Uma luz que lhe mostre a justiça e a misericórdia divinas; uma luz, ainda rápida como um relâmpago; essa luz pode produzir um sentimento de contrição e de amor, este sentimento basta para lhe fechar o inferno e abrir o Purgatório. Esta luz é Jesus, apresentando-se àquela alma e dizendo-lhe com um olhar ligeiro como o pensamento: É a mim ou ao demônio que tu queres? e a alma dizendo com a mesma rapidez: A vós, a vós, Senhor! e a misericórdia triunfa! Esperai pois, esperai sempre; dirigi vossas preces constantes por esses mortos que vos fazem estar inquietos: ninguém pode calcular até que ponto essas preces podem ser atendidas.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

Quanto tempo as almas permanecem no purgatório? - Parte I

Quanto tempo as almas permanecem no Purgatório? 

A extensão em tempo pela qual as almas permanecem no Purgatório depende de:
a) O número de suas faltas;
b) A malícia e a deliberação com que essas foram realizadas;
c) A penitencia feita, ou não, a satisfação feita, ou não, pelos pecados cometidos durante a vida;
d) E também depende dos sufrágios oferecidos por eles depois de suas mortes.
O que se pode dizer com segurança é que, o tempo que as almas passam no Purgatório é, por regra geral, muito mais longo que a gente possa imaginar.
Extraímos algumas citações de livros que falam da vida e as revelações dos Santos.
São Luis Bertrand : seu pai era um exemplar cristão, como naturalmente se podia esperar, sendo o pai de tão grande Santo.
Em um tempo desejou ser um Monge Cartuxo, até que Deus lhe fez ver que não era Sua vontade.
Quando morreu, ao logo de largos anos de praticar cada virtude cristã, seu filho completamente ao cuidado dos rigores da justiça Divina, ofereceu algumas Missas e elevou as mais ferventes súplicas pelo alma do qual o amou tanto.
Uma visão de seu pai no Purgatório o obrigou a multiplicar centenas de vezes seus sufrágios. Agregou as mais severas penas e largos jejuns a suas Missas e orações.
Assim oito anos completos passaram antes que obtivesse a liberação de seu pai.
São Malaquias tinha uma irmã todavia no Purgatório, o qual fez que redobrasse seus esforços, e assim mesmo, apesar das Missas, orações e heróicas mortificações oferecidas pelo Santo, permaneceu vários anos retida! 
Se conta que uma santa monja em Pamplona, a qual conseguiu liberar várias Carmelitas do Purgatório, as quais permaneceriam ali pelo término de 30 a 40 anos! Monjas Carmelitas no Purgatório por 40, 50 o 60 anos! Qual será o destino daqueles que vivem imersos nas tentações do Mundo, e com suas fortes debilidades? São Vicente Ferrer, depois da morte de sua irmã, orou com incrível fervor por sua alma e ofereceu várias Missas por sua libertação.
Ela apareceu ao Santo ao final de seu Purgatório, e lhe contou que se não fosse por sua poderosa intercessão ante Deus, ela haveria estado ali indeterminado tempo.
Na Ordem Dominicana é regra geral orar pelos Superiores no aniversário de suas mortes. Alguns deste tem morrido vários séculos atrás! Eles foram homens eminentes por sua piedade e sabedoria.
Esta regra não seria aprovada pela Igreja se não fosse necessária e prudente.
Não queremos significar com isto que todas as almas estão retidas por tempos iguais nos fogos expiatórios.
Algumas tem cometido faltas leves e tem feito penitencia em vida.
Por tanto, seu castigo será muito menos severo.
Todavia, os exemplos que temos posto aqui são muito oportunos.
Se essas almas, quem gozaram do trato, que viram, seguiram, e tiveram a intercessão de grandes santos, são retidas largo tempo no Purgatório, que será de nós que não gozamos de nenhum desses privilégios?
Porque uma expiação tão prolongada? As razões não são difíceis de entender.
A malicia do pecado é muito grande, o que a nós nos parece uma pequena falta em realidade uma seria ofensa contra a infinita bondade de Deus, é suficiente ver como os Santos se condoeram sobre suas faltas.
Somos fracos, é nossa tendência.
É verdade, mas então Deus nos oferece generosamente abundantes graças para fortalecermos; nos dá a luz para ver a gravidade de nossas faltas, e a força necessária para vencer a tentação.
Se todavia somos fracos, a falta é toda nossa.
Não usamos a luz e a fortaleza que Deus nos oferece generosamente; não rezamos, não recebemos os Sacramentos como deviéramos.
Um eminente teólogo remarca que se as almas são condenadas ao Inferno por toda a eternidade pelo pecado mortal, não há que se assombrar que outras almas devessem ser retidas por largo tempo no Purgatório quem tem cometido deliberadamente incontáveis pecados veniais, alguns dos quais são tão graves que ao tempo de cometê-los o pecador escassamente distingue se são mortais ou veniais.
Também, eles podem ter cometido alguns pecados mortais pelos quais tiveram pouco arrependimento e fizeram pouca ou nenhuma penitencia.
A culpa tem sido remitida pela absolvição, mas a pena devida pelos pecados terá que ser paga no Purgatório.
Nosso Senhor nos ensina que deveremos render contas por cada palavra que dizemos e que não deixaremos a prisão até que tenhamos pago até o último centavo.
Os Santos cometeram poucos e leves pecados, e todavia eles sentem muito e fazem severas penas.
Nós cometemos muitos e gravíssimos pecados, e nos arrependemos pouco e fazemos pouca ou nenhuma penitencia.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2020


Nossa Senhora do Carmo e as Almas do Purgatório


Sem Título 
Maria é para as almas do purgatório, a Mãe da Misericórdia. Ao ouvir-se, no purgatório, o Seu nome, as almas experimentam uma alegria ilimitada. Uma alma disse, no dia da Assunção, que, à hora da Sua morte, Morte, Maria rogara a Jesus a libertação de todas
as almas que se encontravam no purgatório; que Jesus ouvira esta oração de Sua Mãe e que, no dia da Assunção de Maria Virgem Mãe, estas almas tinham acompanhado Maria ao Céu, porque Ela fora então coroada como Mãe de Misericórdia e Mãe da Graça Divina. No purgatório, Maria distribui as graças segundo a divina vontade ; passa muitas vezes pelo purgatório,para dar consolo e alivio as almas, que pagam suas dividas por amor a Jesus. Que o precioso Sangue de Jesus e as Lágrimas de Nossa Senhora, caiam sobre o purgatório e purifiquem as almas que lá estão!
Como se pode ir em auxilio das almas do purgatório?
1- Sobretudo pelo Santo Sacrifício da Missa, que nada pode substituir, não há maior alivio que esse.
2- Por sofrimentos expiatórios; todo o sofrimento físico ou moral oferecido pelas almas, dá-lhes um grande alivio.
3- O Rosário é depois do Santo Sacrifício da Missa, o meio mais eficaz de ajudar as pobres almas. Pelo Rosário inúmeras almas são libertadas quotidianamente, que teriam devido, por outra forma, sofrer longos anos ainda.
4- A Via Sacra pode também dar-lhes um grande refrigério, mas também outras orações como as de Santa Brígida, são de grande eficácia para as almas do purgatório.
5- As indulgências são de um valor inestimável, dizem as almas. São um apropriar-se da santificação oferecida por Jesus Cristo a Deus, Seu Pai.
quem no decurso da sua vida terrestre, ganhar muitas indulgências pelos defuntos, receberá também mais que outros na sua última hora: a graça de ganhar inteiramente a indulgência plenária concedida a todos os cristãos a hora da morte. É uma crueldade não aproveitar destes tesouros da Igreja pelas almas dos defuntos.

Oração a Nossa Senhora do Carmo 
Ó Santíssima e Imaculada Virgem Maria, ornamento e glória do Monte Carmelo, Vós que velais tão particularmente sobre os que trazem vosso sagrado hábito, velai também, bondosa, sobre mim, e cobri-me com o manto de Vossa maternal proteção. Fortalecei minha fraqueza com Vosso poder, e dissipai com Vossa luz, as trevas do meu coração
Aumentai em mim a Fé, a Esperança e a Caridade. Ornai minha alma com todas as virtudes, a fim de que ela se torne sempre mais amada de Vosso Divino Filho. Assisti-me durante a vida, consolai-me com Vossa amável presença na hora da morte, e apresentai-me à Santíssima Trindade, como vosso filho(a) e fiel servo(a), para que eu possa louvar-Vos eternamente no Céu . Assim seja.