sábado, 30 de novembro de 2019

Causa I - Gravidade daquelas penas




Causa I

Gravidade daquelas penas
 
Coisa assentada é que cada alma padece uma pena gravíssima, e como diz Santo Agostinho, São Gregório, Santo Anselmo e Cesáreo, seu tormento é maior que o que padeceu São Lourenço nas grelhas, São Vicente na Catasta, e os Mártires em suas laminas de bronze e fogueiras acendidas, e o Angélico Doutor, S. Thomas, 3 parte quest. 46 diz que não somente os tormentos das Almas excedem dos Mártires, senão à que chega a ser mais dolorosos que padeceu Cristo Nosso Senhor em sua acerbíssima paixão, e Ludovico Blosio, varão Santo e piedoso, refere haver lido em Pedro Claniocense que certo religioso foi arrebatado em espirito e levado ao lugar do purgatório, e havendo visto os extraordinários tormentos com que são afligidas as Almas, voltando a este mundo, disse aos presentes: “Ouvi-me Senhores esta verdade que confesso, e ponho a Deus por testemunha, se tivesse alguém nesta vida que me fizesse os maiores agravos, me enchesse de afrontas, e ainda me tirasse a vida, se visse mergulhado nos tormentos que eu vi, eu receberia mil vezes a morte para livrar-me daquelas penas, de sorte que as que a mim se me mostraram excedem sobre todo pensamento, a todas as dores e angustias que padecem os mortais nesta vida.” Acrescento uma dolorosa exageração dos tormentos que padecem as almas que por ser do Glorioso Santo Agostinho não tenho receio em escreve-la, diz o Santo Doutor: “ Três vezes orou cristo no Horto, a primeira fez pelos que estão em pecado mortal, a segunda pela perseverança dos justos em graça e em sua amizade, e a terceira foi pelas almas do purgatório, e que na primeira e na segunda vez não suou sangue, mas na terceira sim, que tais devem ser suas penas que a tão grandes afetos obrigaram a sua humanidade sacratíssima, tu que lês estas atrocidades podes maravilhar-se da negligência dos mortais em socorrer as almas, que podem a tão pouca custa alivia-las, repreendendo os descuidos dos vivos que puderam aplicar socorros aos mortos.

sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Cura de Ars sobre o Purgatório

"Eu não quero parar neste estágio para provar a existência do Purgatório, pois isso seria uma perda de tempo. Espero que nenhum de vocês tenha a menor dúvida a este respeito. A Igreja, à qual Jesus Cristo prometeu a guia do Espírito Santo e a qual, conseqüentemente, não pode se enganar nem nos enganar, ensina-nos sobre o Purgatório de um modo bem claro e positivo. Isto é uma certeza mais que certa, de que lá é um lugar onde as almas dos justos completam a expiação por seus pecados, antes de serem finalmente admitidas na glória do Paraíso, o qual, diga-se de passagem, já está assegurado a elas.
Sim meus caros irmãos, isto é um artigo de Fé: se nós não tivermos feito penitência proporcional à gravidade de nossos pecados, ainda que tenhamos sido absolvidos no Sagrado Tribunal da Confissão, nós seremos obrigados a expiar por eles.
Nas Sagradas Escrituras há muitos textos que mostram claramente, que embora nossos pecados possam ser perdoados, Deus ainda impõe-nos a obrigação de sofrer neste mundo duros trabalhos temporais ou no próximo através das chamas do Purgatório.
.
Veja o que aconteceu com Adão. Porque ele se arrependeu logo depois de ter cometido o pecado original, Deus garantiu a ele que o havia perdoado, mas ainda assim Ele o condenou a passar nove séculos sobre esta terra fazendo penitência. Penitências que ultrapassam qualquer coisa que possamos imaginar:..."maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de sua vida. Ela te produzirá espinhos e tu comerás a erva da terra. Comerás o teu pão com o suor do teu rosto, até que voltes à terra de que fostes tirado; porque és pó, e em pó te hás de tornar..." (Gênesis 3, 17).
Veja novamente: Davi ordenou, contrariando a vontade de Deus, que se fizesse o recenseamento de Israel. Atingido pelo remorso de consciência, ele reconheceu o seu pecado, atirou-se ao chão suplicando ao Senhor que o perdoasse. Conseqüentemente, Deus tocado pelo seu arrependimento, o perdoou. Mas apesar disso, ele enviou Gad para dizer a Davi que ele teria que escolher entre 3 tipos de punições que Ele havia preparado para Davi reparar pelo seu pecado: a peste,a fome ou a guerra. Davi então respondeu: "Ah! Caia eu nas mãos do Senhor, porque imensa é a sua misericórdia; mas que eu não caia nas mãos do homem..." (I Crônicas 21).
Ele escolheu a peste e esta durou apenas 3 dias, mas matou 7 mil pessoas de seu povo. Se o Senhor não tivesse detido a mão do Anjo que estava estendida sobre Israel, Jerusalém inteira teria ficado despovoada! Davi ao ver todo o mal causado pelo seu pecado, implorou a graça de Deus pedindo que Deus punisse apenas ele mesmo, mas que poupasse o seu povo que era inocente. Vejam também as penitências de Santa Maria Madalena! Quem sabe não sirvam para amolecer um pouco seus corações?
Meus caros irmãos, o que serão então, o número de anos que nós teremos que sofrer no Purgatório, nós que cometemos tantos pecados e que sob o pretexto de já o termos confessado, não fazemos penitências e nem choramos por eles? Quantos anos de sofrimento nos esperam na próxima vida?"
.
São João Maria Vianney

quinta-feira, 28 de novembro de 2019

Ai de quem escandalizar a um só destes pequeninos

"Uma crônica manuscrita do século XIII narra isto:
“Um nosso irmão da Província da Saxônia voltava para o convento após uma pregação, quando lhe anunciaram que haviam falecido dois religiosos: o Padre Guardião e o Padre Vigário”.
Eis o que sucedeu. Na seguinte noite o padre estava em oração, quando vê entrarem na cela os dois defuntos cheios de esplendores e de uma beleza incomparável. Trêmulo de emoção, pergunta-lhes:
— Como vos achais?
 — Salvos pela misericórdia de Deus, — respondem os bem-aventurados — e gozamos da visão beatífica.
 — Não passastes pelo fogo do purgatório?
 — Não, porque fizemos nosso purgatório no fogo da pobreza e Deus a aceitou em expiação. Fiquem todos sabendo que nenhum de nossos irmãos irá para o purgatório se observar fielmente a Regra de São Francisco e a santa pobreza, porque o crisol da pobreza purifica tudo. Unde noveris quod nullus, servans Regulam Beati Francisci et sanctam paupertatem ejus, purgatorii poenas sustinet quia per caminum paupertatis omnia purgantur.

O Terceiro Franciscano aí no século, trazendo oculto sob as vestes do mundo o hábito do Pai Seráfico, fiel à Regra, não tem uma garantia segura do céu? A santa Regra das Ordens e Congregações religiosas e das Ordens Terceiras, é sempre uma garantia de salvação, e ou livra ou alivia muito o purgatório a sua observância. Efetivamente, nestes muitos anos de aprendizado sobre as almas padecentes, também temos anunciado as mesmas verdades: o sofrimento das almas consagradas no Purgatório é dobrado, e isso na medida em que descumprem de seu ministério, e na medida em que são causa de prejuízo espiritual para as pessoas que Deus lhes confiou.

Aos padres relapsos se poderá aplicar sem medo de erra aquela frase de Jesus: ai de quem escandalizar a um só destes pequeninos, melhor fora atar uma pedra ao pescoço e se atirar ao mar... Por exemplo: um sacerdote que se negue a atender uma pessoa em confissão, e ela venha a falecer em estado de pecado por culpa dele, a alma poderá até se salvar devido ao desejo e na medida de seu arrependimento e contrição, mas o padre pagará a conta dela, com juros e multas. Imaginem hoje comunidades inteiras que deixam de ser atendidas pelos padres, porque alegam muitos outros trabalhos, ou que aceitaram a mentirosa teologia de que pecado não existe mais. Pois pela mesma experiência que temos neste assunto, podemos afirmar que ele pagará a conta de todos, e é de tal forma que simplesmente não existe, para qualquer padre ou bispo católico, missão mais importante do que aquela do confessionário. Não que a Santa Missa seja menos importante, mas se o padre tiver que optar entre atender em confissão uma pessoa em estado de pecado grave, ou celebrar uma Missa, ele deve atender primeiro a alma, até porque a Missa não perdoa pecados graves, apenas os veniais, conforme ensina a Santa Igreja.

 Nós temos também diversos depoimentos de almas sacerdotais, que contam de seus duros sofrimentos no Purgatório, especialmente aqueles que seguem as falsas teologias, como a comunista da “libertação”, que é totalmente contrária aos ensinamentos de Jesus. Qualquer padre, com um mínimo de Espírito Santo, perceberá que aquilo não presta, muito pelo contrário é uma doutrina de satanás, porque desvirtua o sentido da Palavra Deus, mascara as verdades mais sagradas, e atenta contra a fé católica. Nenhum sacerdote que siga a teologia da libertação terá um argumento sequer para se defender diante do Juiz, assim que morrer. E assim seu Purgatório será extremo. De nada adiantará alegar que o bispo mandou assim, porque o bispo mentiu usando falsamente a doutrina de Jesus. E mais uma coisa, se ele insistir no comunismo, seu caminho não é o Purgatório e sim o inferno, destino dos réprobos. Todo sacerdote que não luta tenazmente contra o comunismo diabólico, e que não se arrepende disso diante de Deus, não terá contemplação na hora da justiça. E isso se aplica também aos santos ensinamentos da Igreja, à obediência que se deve ter quanto ao Catecismo da Igreja, e com as Sagradas Escrituras. Ninguém é obrigado a seguir no erro, nem se há de furtar ao Juiz se insistir em negar a verdade.

 Neste sentido, há que entender hoje que existe uma FALSA igreja, embutida dentro da santa e verdadeira Igreja, que se intitula de verdadeira, mas não é. Sacerdote que não percebe isso, com absoluta certeza não reza o suficiente, não tem mais as luzes do Espírito Santo e é um “guia cego conduzindo cegos”, como bem falou Jesus. E o lugar de guias cegos quando morrem não é o Céu diretamente, mas o Purgatório onde aprenderá que a Missão do sacerdote não é satisfazer as necessidades físicas do homem, mas as necessidades espirituais. Ali ele aprenderá na dureza extrema da dor, que a missão do sacerdote deve ser realizada entre o Confessionário – onde se torna santo – e o Sacrário, de onde recebe a Luz e a Fortaleza, e não nas periferias. Cesta básica não justifica padre algum, só o condena se fizer só isso. Outra coisa que resulta em duros purgatórios aos padres se dá por causa do “orgulho teológico” que os faz se acharem deuses, incapazes de errar, e não necessitados de ouvir qualquer advertência quando erram em termos de doutrina. Este orgulho insano acontece com todos os padres que não mais rezam, e se tornam assim mercenários da fé e é quando se fecham a ação do Espírito Santo. De fato, em relação aos padres, de milhares de paróquias, a coisa que mais tenho ouvido é a dificuldade de fazer com que um sacerdote escute, que aceite quando errou e se corrija. A imensa maioria dos padres se tornou arrogante, não escuta, não quer saber, e fica irado com quem o tenta corrigir, ou alerta para o engano. Para estes, o Purgatório é especialmente duro, e é quando aprendem a humildade do Mestre.

 Enfim, podemos também afirmar, sem medo algum de errar, que a imensa maioria dos padres que hoje falece, ganha o Céu não pela força de sua ação e por seu zelo apostólico, mas sim por causa dos fiéis que rezam por eles. São as orações dos fiéis que percebem a arrogância do padre e que rezam por eles, que lhes dão o purgatório, e não o inferno como muitos mereceriam. Aliás, se um sacerdote for causa da perda eterna de uma alma, se por sua exclusiva responsabilidade alguém vai para o inferno, dificilmente ele escapa do mesmo destino.

 Nós temos histórias de santos, como São Cipriano, que ficaram 1750 anos no purgatório, e outros orgulhosos – como certo doutor da Igreja – que ficou 1497 anos sofrendo até aprender a baixar a cabeça, se tornar manso e humilde para então ganhar o Céu. Houve um sacerdote que, durante mais de 1400 anos sofria o purgatório, tendo na boca um enorme saco de 50 quilos, e isso ele ganhou porque as pessoas sabiam que ele era mau e rezaram por ela. Como Deus ama os sacerdotes de modo especial, este escapou do inferno que merecia. Eis uma prova da gravidade da tibieza sacerdotal.
Sem humildade, sem vida de oração, sem obediência à verdadeira Igreja, sem amor pelas almas que Deus lhes confiou, nenhum padre escapa da vara duríssima da justiça. Se uma mãe de família paga duríssimo pela má catequese dos filhos, mil vezes mais pagará um sacerdote que não cumpre fielmente a missão que Deus lhe confiou.

Fonte: http://rainhadetodosospovos.blogspot.com.br/

quarta-feira, 27 de novembro de 2019

Qual será o homem que não trema diante disso?

Para entrar no céu é mister uma pureza angélica, uma alma bem purificada e sem a menor mancha de imperfeição. Eis porque até santos, homens de grande virtude passaram pelas chamas expiadoras do purgatório, segundo diversas revelações particulares.

O Venerável Pe. Cláudio de La Colombière, diretor espiritual de Santa Margarida Maria e um homem de extraordinária virtude, chamado por Nosso Senhor amigo e fiel servo, segundo foi revelado à Santa sua dirigida, passou pelo purgatório. Morreu ele em Paray le Monial em 15 de Fevereiro de 1682, às cinco horas da manhã. Uma jovem veio trazer a notícia à Santa: rezai por ele e mandai rezar por sua alma!

Pouco depois do enterro, recebeu a Santa outro recado misterioso: deixai de rezar por ele, porque agora ele é quem rezará por vós. Algum tempo depois, a Superiora do Mosteiro notou que Margarida não rezava nem pedia mais orações pelo seu Diretor espiritual e perguntou-lhe a causa.

 — Minha Madre, o Pe. La Colombière não está mais em condições de receber nossos sufrágios. Agora é ele quem reza e pede por nós. Está no céu. Graças à misericórdia do Sagrado Coração de Jesus, ocupa um belo lugar no céu. Apenas para expiar algumas pequenas negligências no exercício do amor divino, passou ele pelo purgatório e esteve privado da Visão Divina até o momento de ser sepultado. Eis um grande servo de Deus privado do céu por algumas longas horas de um dia.

 Santa Lutgarda viu o grande e virtuoso Papa que foi Inocêncio III, nas chamas do purgatório.
 — Quem és? Pergunta a Santa a uma aparição que sofria muito.
 — Sou o Papa Inocêncio III. Meu Deus! Um Papa tão santo no purgatório?!...
 — Sim, expio minhas faltas. Pela misericórdia de Maria fui salvo, mas ainda me falta uma longa expiação. Tenha pena de mim! Tenha pena de mim!

 São Roberto Belarmino, no seu livro De Gemitu Columbae — Livro III, cap. IX — refere-se a esta aparição, concluindo: Qual será o prelado, ou homem de responsabilidade que não trema diante disto? Quem não há de escrutar bem seu coração e procurar evitar as menores faltas? Até os Santos passaram e passam pelo purgatório.

Como é necessário ser angélico e muito santo para entrar no céu! Viram-se homens de uma grande virtude, santos, que passaram no purgatório, segundo o testemunho de revelações particulares, como as de Santa Brígida, Santa Teresa, Santa Margarida Maria e outras. Quanta delicadeza de consciência não é preciso a um sacerdote para oferecer cada dia o Santo Sacrifício da Missa e desempenhar a missão divina do seu ministério. Que purgatório terrível é o do sacerdote tíbio! Que purgatório terrível também é o das religiosos e religiosas que tão facilmente transgridem a Regra!

A prática do sufrágio às almas é uma tradição da Ordem Seráfica! A grande penitente Santa Margarida de Cortona disse Nosso Senhor numa revelação:
"Recomenda da minha parte aos meus irmãos menores que se lembrem muito das almas do purgatório, porque o seu número é incalculável, e quase ninguém reza por elas. Dize-lhes também da minha parte que não se imiscuam nas coisas do mundo e levem uma vida de pobreza e de recolhimento para que não sejam severamente castigados na outra vida."

  Que lições para a nossa alma!

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Padre Pio e as santas almas

 Pela mesma época, o Padre Pio disse a Frei Alberto de outra aparição de uma alma do purgatório, que também se produziu na mesma época. Ele disse: Uma noite, quando estava absorto na oração no coro da pequena igreja fui sacudido e perturbado pelo som de passos, velas e jarros de flores que se moviam no altar-mor.
Pensei que alguém devia estar ali, e gritei: “Quem é?”. Ninguém respondeu.
Voltando à oração, me molestaram de novo os mesmos ruídos. De fato, esta vez tive a impressão de que uma das velas, que estava em frente da imagem de Nossa Senhora das Graças, tinha caído.
Com vontade de ver o que estava sucedendo no altar, me pus de pé, me aproximei da grade e vi, à sombra da luz da lâmpada do Tabernáculo, um irmão jovem fazendo um pouco de limpeza.
Eu pensei que ele era o Padre Leone que estava reestruturando o altar; e como já estava na hora do jantar me aproximei dele e lhe disse:
“Padre Leone, vá jantar, não é hora para tirar o pó e consertar o altar”
Mas uma voz que não era a voz do padre Leone me respondeu: “Eu não sou o Padre Leone”,
“E quem é você?”, lhe perguntei.
“Eu sou um irmão seu que fez o noviciado aqui, minha missão era limpar o altar durante o ano do noviciado. Desgraçadamente em todo esse tempo eu não reverenciei a Jesus Sacramentado, Deus Todo-poderoso, como devia fazê-lo, enquanto passava diante do altar. Causando grande aflição ao Santo Sacramento por minha irreverência; porque O Senhor se encontrava no tabernáculo para ser honrado, louvado e adorado. Por este sério descuido, eu ainda estou no Purgatório. Agora, Deus, por sua misericórdia infinita, me enviou aqui para que você decida o tempo de quando que eu poderei desfrutar do Paraíso. E para que você cuide de mim.”
Eu acreditei ter sido generoso com essa alma em sofrimento, por que exclamei: “você estará amanhã pela manhã no Paraíso, quando eu celebrar a Santa Missa”.
Essa alma chorou: “Cruel de mim, que malvado fui. Então chorou e desapareceu.”
Essa queixa me produziu uma ferida tão profunda no coração, a qual senti e sentirei durante toda minha vida. De fato eu tinha podido enviar essa alma imediatamente ao Céu mas eu o condenei a permanecer uma noite mais nas chamas do Purgatório.”

Um dia estava o Padre Pio no monastério conversando com outro irmão, já era muito tarde e o Padre Pio decidiu se retirar porque ele era encarregado de fechar todas as portas, de apagar as luzes, etc. Se vai seu companheiro a dormir e o Padre Pio tranca a porta da entrada, mas quando volta pelo corredor e dá de cara com um senhor de óculos e gravata. Um tipo normal, como da rua. O Padre Pio perguntou quem era e como havia entrado se estavam às portas fechadas. O cavalheiro respondeu que tinha entrado pela porta. Então este senhor lhe roga que não lhe feche às portas e que só queria falar um minuto com o Padre Pio.

Apresenta-se, lhe dá pena e lhe convida a entrar em uma salinha para conversar. O homem se desafoga e lhe disse que está sofrendo muitíssimo porque tem um problema familiar muito grave. Toda sua família está brigando por sua culpa e não sabe como solucionar. O Padre Pio explica um pouco como deve rezar, que deve primeiramente pedir perdão a Deus, reparar os pecados com a oração e com sacrifícios. Enfim, lhe anima e dá esperança a este senhor de óculos e gravata. Mas quando terminam de falar o Padre Pio lhe convida para sair. O senhor se mostra muito agradecido. E quando estão saindo pela porta até o corredor o Padre Pio dá volta para deixar-lhe passar. Quando volta a olhar o senhor havia desaparecido. E o Padre Pio, que era muito gracioso e tinha um caráter muito alegre disse: “Deus meu, outra alma do purgatório, só acontece comigo estas coisas”.

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Copo de água oferecido ao Anjo da Guarda livra religiosa do Purgatório

No convento dominicano de Vercelli, onde a Beata Emília (festa a 17 de agosto) era Priora, era da Regra nunca beber entre as refeições, salvo permissão expressa da Superiora. Essa permissão, a Bem-aventurada Priora não costumava dar. Ela pedia às irmãs para fazer alegremente um pequeno sacrifício em memória da ardente sede que Nosso Senhor tinha sofrido por nossa salvação, na Cruz. Para encorajá-las a isso, sugeria-lhes que confiassem essas poucas gotas de água aos seus Anjos da Guarda, para que as guardassem até a outra vida, para temperar-lhes depois o calor do Purgatório. O seguinte incidente mostrou quão agradável essa piedosa prática foi a Deus.
Uma irmã chamada Cecília Avogadra veio um dia pedir permissão para refrescar-se com um pouco de água, porque estava abrasada de sede. “Minha filha – disse-lhe a Priora – faça esse pequeno sacrifício por amor de Deus, e na consideração do Purgatório”. Respondeu Cecília: “Madre, esse sacrifício não é pequeno, porque estou morrendo de sede.” No entanto, apesar de um pouco molestada, obedeceu o conselho da Superiora. Esse duplo ato de obediência e mortificação foi precioso aos olhos de Deus, e a Irmã Cecília logo recebeu sua recompensa.
Poucas semanas depois ela faleceu, e três dias depois apareceu, resplandecente de glória, à Madre Emília: “Ó Madre! Quão grata vos sou! Eu estava condenada a um longo Purgatório, por ter tido afeição muito grande à minha família. E eis que, dois dias depois de lá estar, vi meu Anjo da Guarda entrar em minha prisão com o copo de água que vós me pedistes para oferecer como um sacrifício ao meu divino Esposo. Meu Anjo então derramou essa água sobre as chamas que me devoravam, extinguido-as imediatamente, e assim libertando-me. Eu voo agora para o Céu, onde minha gratidão nunca vos esquecerá.”

domingo, 24 de novembro de 2019

O Conhecimento dos seus pecados


As almas no Purgatório veem as coisas de Deus diversamente de nós. Esclarecidas pela divina luz, compreendem elas o respeito, o amor, a obediência que Deus lhes merecia, e toda a felicidade, ingratidão e covardia dos pecados que cometeram. E essa fealdade e laxidão, sempre ante seus olhos, enchem-nas de tanta vergonha, que procuram, embora inutilmente, fugir das vistas de suas companheiras de tormento.
Essa ingratidão, sempre patente, oprime-as de tantos remorsos, que seu coração se confrange a cada instante e sente a necessidade de sofrer para expiar tanta falta de amor.
Podem comparar-se, diz um piedoso bispo, com um homem que, no .meio de um calor insuportável, é envolto, comprimido, esmagado por um manto, cujo peso o aniquila e que está como soldado a todos os seus membros. E sob esse manto estão encerrados, como em sua morada natural, vermes que se nutrem da carne desse homem e o atormentam, mordendo-o, sem que possa expeli-los.
E esse manto está roto, sujo, repugnante, e o infeliz é obrigado a estar com ele em presença do Ser mais santo e mais puro, que o vê e, vendo-o assim, há de experimentar um sentimento de repulsão. Que estado esse! que dor, que vergonha! É o estado permanente, o sofrimento contínuo, a vergonha das almas do Purgatório à recordação de suas faltas e em presença dos anjos e do próprio Deus.
A esta vergonha vem se unir o pensamento de que teriam podido facilmente evitar as faltas que as fazem sofrer! Ah! dizem elas, se eu tivesse obedecido ao meu Deus naquela ocasião em que me custava tão pouco; — se eu não lhe houvesse recusado um sacrifício que era bem leve! — se eu não proferisse aquela palavra que minha consciência reprovava; — se eu não me tivesse descuidado de ganhar aquela indulgência tão fácil... não me veria como me vejo neste momento! não sofreria o que sofro! Tardio arrependimento! as lágrimas não purificam mais, quando se tem deixado passar o tempo da misericórdia! Ó almas queridas, possam ao menos as vossas dores servir-nos de lição!

sábado, 23 de novembro de 2019

Acerca da excelência da devoção ás Almas

Acerca da excelência da devoção às Almas, nada melhor se pode dizer, do que as palavras com que o piedoso Doutor Santo Afonso de Ligório principiou a pequena obra, que escreveu sobre este assunto. Diz ele:

“A devoção às benditas Almas, que consiste em encomendá-las a Deus para que lhes dê algum alívio no meio das grandes penas que sofrem, e as chame o mais depressa possível para a sua glória, é muito agradável a Deus e proveitosa para nós. Porque por um lado essas benditas Almas são esposas queridas de Jesus Cristo, e por outra parte são elas sumamente gratas para com aquele que lhes alcança a liberdade de sua prisão, ou ao menos lhe procura algum alívio em seus tormentos; e tanto que cheguem ao Céu, jamais se olvidarão de quem por elas rogou.

Além disto, crê-se piamente que Deus lhes dá a conhecer a quem roga por elas, a fim de que também elas peçam por nós. É certo que essas Almas benditas não se acham em estado de pedir em seu próprio favor, por se encontrarem no Purgatório satisfazendo por suas culpas; não obstante, como são tão amadas por Deus, podem perfeitamente pedir por nós e alcançar-nos abundantes graças. São Gregório, nos seus ‘Diálogos’, trata a respeito de milagres operados por intercessão destas benditas Almas.

Quando Santa Catarina de Bolonha desejava alguma graça, recorria às Almas do Purgatório e imediatamente a conseguia. Afirmava que mais de uma graça, que não tinha obtido por intercessão dos Santos, as alcançara por intermédio das Almas do Purgatório. Finalmente, são inúmeras as graças que os devotos destas santas Almas dizem ter recebido por sua intercessão. Ora, se desejamos o auxílio de suas orações, não só é justo, mas até é um dever, socorrê-las com nossos sufrágios.
Sim, é um dever, pois a caridade cristã exige que ajudemos o próximo quando necessita do nosso auxílio.

E quem está em maior necessidade do que estas santas prisioneiras? Elas estão continuamente no meio de um fogo que atormenta muito mais que o fogo deste Mundo; acham-se privadas da visão de Deus, pena maior que todas as outras. Consideremos também que ali podem, talvez, estar penando as Almas de nossos pais, irmãos, esposo ou esposa, parentes, amigos e benfeitores que esperam os nossos sufrágios.

Se assim, o fizermos, não só seremos agradáveis ao Senhor, mas também adquiriremos muitos méritos; porque estas Almas benditas não cessarão de suplicar ao Senhor por nós até nos conduzirem à Pátria Celestial. Tenho como certo que uma Alma tirada do Purgatório por alguma pessoa piedosa, depois de entrar no Céu, não cessará de dizer a Deus: 'Senhor, não permitais que aquela pessoa caridosa, que me libertou do cárcere do Purgatório e que fez com que eu gozasse mais depressa da vossa divina presença, gema para sempre chamas infernais.' Procurem, pois, todos os fiéis aliviar as benditas Almas e livrá-las do Purgatório, aplicando-lhes todos os sufrágios que possam, como Santas Missas, Vias Sacras, Comunhões, Indulgências, Novenas, etc.”

quinta-feira, 21 de novembro de 2019

Minutos que parecem séculos

São tão dolorosas as penas do Purgatório que lá os minutos parecem séculos. Há nas revelações particulares tantos fatos impressionantes que comprovam isto. E demais que é a eternidade? Já não existe o tempo. Os minutos além desta vida são séculos para os que padecem naquelas chamas expiatórias.

       Conta Santo Antonino que um enfermo, vítima de dores atrozes, pedia sempre a morte. Julgava os seus sofrimentos terríveis e acima de toda força humana. Um Anjo lhe apareceu e disse: 
DEUS me mandou para te dizer que podes escolher um ano de dores na Terra, ou um só dia no Purgatório.
 Foi para o Purgatório. O Anjo foi consolá-lo e ouviu este gemido de dor: 
"Anjo ingrato, dissestes que ficaria no Purgatório um só dia e sinto que estou aqui há longos vinte anos pelo menos... Meu DEUS, como sofro!"
 O Anjo responde: 
Como te enganas" Teu corpo está ainda na Terra sem ter baixado à sepultura. A misericórdia de DEUS te concede ainda voltar para um ano de doença na Terra. Queres?
       - Mil vezes, sofrimentos maiores ainda na minha doença.
       Ressuscitou e durante um ano sofreu horrorosamente, mas com um paciência heróica até a morte.
       Este fato foi contado por Santo Antonino de Florença, o prodigioso taumaturgo.

Restos mortais de Santo Antonino de Florença - Basílica de São Marcos, Itália

(Mons. Ascânio Brandão - Tenhamos compaixão das Pobres Almas do Purgatório - Meditações para o mês das Santas Almas do Purgatório)

quarta-feira, 20 de novembro de 2019

Aceitação da cruz pelas almas

O sofrimento é fecundo e vai frutificar além das fronteiras da vida, vai aliviar as chamas do purga­tório. Nesta vida faz tanto bem e repercute tanto nas almas! Pois devemos crer que também na outra vida o sofrimento salva e resgata a dívida das pobres al­mas da Igreja padecente. Ouvi esta página de uma grande alma: “O sofrimento, escreve a admirável Elizabeth Leseur, o sofrimento atua de um modo im­petuoso em nós, primeiro, por uma espécie de renovamento íntimo, em outros também, talvez muito lon­ge e sem que saibamos neste mundo o trabalho que fa­zemos por eles. O sofrimento é um ato. Cristo fez mais na cruz pela humanidade do que falando e trabalhan­do na Galiléia ou em Jerusalém. O sofrimento faz a vida: ele transforma tudo o que toca e tudo o que atinge”.

“O sofrimento é um ato”. Que fórmula impres­sionante! Convém guardá-la. Trabalha quem sofre bem. Pode salvar almas como o apóstolo da palavra, como o sacerdote missionário mais ativo e ardente. A grande missionária dos últimos tempos, o Anjo do Carmelo de Lisieux, pôde dizer e experimentou o va­lor do sofrimento pela salvação das almas. “Pelo so­frimento e a perseguição, disse ela, muito mais que por brilhantes pregações, Deus quer firmar o Seu Reino nas almas. Nossos sacrifícios, nossos esforços e os mais obscuros de nossos atos não estão perdidos, é minha opinião absoluta: todos têm repercussão lon­gínqua e profunda”.

quinta-feira, 14 de novembro de 2019

O Escapulário e as santas almas purgantes

Tem o Escapulário


 alguma relação com


 Fátima? 



Sim. Após a última aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria, surgiram aos olhos dos três videntes diversas cenas. Na primeira, ao lado de São José e tendo o Menino Jesus ao colo, Ela apareceu como Nossa Senhora do Rosário. Em seguida, junto a Nosso Senhor acabrunhado de dores a caminho do Calvário, surgiu como Nossa Senhora das Dores. Finalmente, gloriosa, coroada como Rainha do Céu e da Terra, a Santíssima Virgem apareceu como Nossa Senhora do Carmo, tendo o Escapulário à mão. 
No fim dos anos 40, em conversa com três padres carmelitas, o Padre Donald 
aprovação, concedeu uma indulgência de 500 dias cada vez que se beijasse o escapulário.
Há três condições para receber os benefícios do Privilégio Sabatino:

1º- devemos USAR O ESCAPULÁRIO.                                                                                 
2º- GUARDAR CASTIDADE de acordo com o nosso estado de vida.
3º- REZAR O PEQUENO OFÍCIO DE NOSSA MÃE SANTÍSSIMA (o Terço, ou outras piedosas devoções poderão substituir o Ofício de Nossa Senhora. O Papa Leão XIII, por meio do Decreto da Congregação de Indulgências, de 1901, concedeu a TODOS OS CONFESSORES a faculdade de poderem conceder aos fiéis essa substituição).

— É que Nossa Senhora quer que todos usem o Escapulário — respondeu ela. 

“E é por este motivo que o Rosário e o Escapulário, os dois sacramentais marianos mais privilegiados, mais universais, mais antigos e mais valiosos, adquirem hoje uma importância maior do que em nenhuma passada época da História” o devoto e o verdadeiro escravo de Maria podem pedir a um sacerdote que invista o escapulário.


Testemunhos das Graças do Escapulário do Carmo


1- Os demônios se erguem contra aqueles que divulgam o uso do Escapulário, quando ouvir a história do Venerável Francis Ypes. Um dia caiu-lhe o Escapulário que trazia. Enquanto o colocava de novo, ouviu o Demônio que lhe uivava: "Deita fora esse manto que arrebata do Inferno tantas almas!" Então, e de imediato, o Venerável Francis Ypes tratou de humilhar o Inimigo, fazendo-o reconhecer aquilo que os diabos mais receiam: o Santíssimo Nome de Jesus, o Santíssimo Nome de Maria e o Santo Escapulário do Carmo. A esta lista poderíamos, com justiça, acrescentar o Santo Rosário (ou o Terço do Rosário).

2- O grande São Pedro Claver foi outro herói de Deus que usou o Escapulário com grandes resultados. Todos os meses chegava a Cartagena, Colômbia (na América do Sul), um navio carregado de 1.000 escravos. São Pedro afadigava-se pela salvação dos convertidos: primeiro, organizava um grupo de catequistas para os ensinarem; depois, encarregava-se de que todos eles fossem baptizados e fossem investidos com o Escapulário. Algumas autoridades eclesiasticas acusavam o Santo de um zelo excessivo, mas São Pedro Claver confiava que Nossa Senhora cuidaria pessoalmente, com Amor de Mãe, de cada uma das mais de 300.000 almas que ele convertera.

3- Devemos ainda oferecer o Escapulário a pessoas que não sejam Católicas, pois Nossa Senhora obterá a conversão daqueles que o usarem, e que rezem uma Avé-Maria todos os dias – como vemos no seguinte facto verdadeiro. Um velhinho foi transportado ao Hospital, em Nova York, inconsciente e já moribundo. A enfermeira, ao ver-lhe o Escapulário Castanho, chamou logo um Sacerdote. Enquanto este rezava as orações dos agonizantes, o velhinho recuperou a consciência e disse: "-Senhor Padre, eu não sou Católico." "-Então porque usa o Escapulário do Carmo?" – perguntou o Padre. E o doente explicou: "-Prometi aos meus amigos que o havia de usar; e também rezo todos os dias uma Avé-Maria." Respondeu-lhe o Sacerdote: "O senhor está a morrer. É seu desejo tornar-se Católico?" "Toda a minha vida tive esse desejo" – respondeu o moribundo. Então foi baptizado, recebeu a Extrema Unção e faleceu em paz. Nossa Senhora recebera mais uma alma sob o Seu Manto, por intermédio do Seu Escapulário!



4- Durante a Guerra Civil de Espanha, na segunda metade dos anos 30, sete comunistas foram condenados à morte devido aos sues crimes. Um Padre carmelita prontificou-se a prepará-los para a morte – mas eles recusaram. Como um último recurso de aproximação, o Sacerdote trouxe-lhes cigarros, alguma comida e vinho, e garantiu-lhes que não lhes iria falar de religião. Não demorou muito para que todos se tornassem simpáticos, de modo que o Padre perguntou, então, se podia pedir-lhes um pequeno favor: "-Dão-me licença de lhes colocar, a cada um, um Escapulário?" Seis concordaram, mas o outro recusou. Dali a pouco, os que tinham consentido em usar o Escapulário confessaram-se. O sétimo continuou a recusar; no entanto, para lhes ser agradável pôs um Escapulário, mas logo disse que não faria mais nada. Ao amanhecer, quando se aproximou o momento da execução, o sétimo condenado reafirmou não querer pedir a presença de um Padre: apesar de trazer o Escapulário, continuava decidido a morrer como inimigo de Deus. Chegara o fim: dada a ordem de comando, o pelotão de fuzilamento executou o seu mortífero dever, e sete cadáveres tombaram, jazendo no pó. Misteriosamente, apareceu um Escapulário afastado dos cadáveres cerca de uns 50 passos: daqueles homens, seis morreram COM o Escapulário de Nossa Senhora; e o sétimo SEM o Escapulário.



5- Um outro milagre do Escapulário diz respeito a um Sacerdote francês que partira em peregrinação. Já de caminho para celebrar Missa, lembrou-se de que esquecera o seu Escapulário. Mesmo sabendo que se atrasaria se voltasse atrás para o ir buscar, não hesitou em o fazer, pois não podia sequer imaginar-se a celebrar Missa no altar de Nossa Senhora sem usar o Seu Escapulário. Mais tarde, quando já celebrava o Santo Sacrifício, um jovem aproximou-se do altar, puxou de uma arma e alvejou o Sacerdote pelas costas. Para espanto de todos, o Padre continuou a rezar as orações da Missa como se nada tivesse acontecido. A princípio, pensou-se que a bala tivesse milagrosamente falhado o alvo. Mas depois, observando com cuidado, verificou-se que a bala TINHA FICADO RETIDA, ENCRAVADA NO PEQUENO ESCAPULÁRIO CASTANHO que o Sacerdote, tão obstinadamente se recusara a deixar esquecido.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

O Purgatório é uma invenção do amor misericordioso

Os conhecimentos mais instrutivos, aprendi-os no Purgatório, e fiz ali os melhores propósitos. Quantas horas me demoro nesta escola para aprender a renunciar tudo o que desagrada à santidade de Deus!
   O Purgatório é lugar de misericórdia e bondade. Nunca pensei que Deus fosse tão infinitamente bom para com as almas benditas. Foi e é para mim sempre a maior novidade. Em parte alguma, vejo o amor misericordioso espargir-se tanto como ali. Nesse Purgatório encontrei a bondade e misericórdia divina assim como a buscava minha alma.
   Se uma alma abandonar o corpo com ato de contrição, vai para Deus. Na sua presença e proximidade é transpassada por um raio luminoso, pelo qual conhece a bondade e o amor de Deus; Nesse momento começa o arrependimento, a Purificação.
   Parece-me ouvir as almas perguntarem e pedirem a Deus: "Então ainda posso satisfazer- ainda viver?" - E Deus responde: "Sim, poderás ficar no Noviciado para o céu, e aqui compreender tudo, e satisfazer tudo, e então ficarás limpa e poderás entrar no meu reino".
   Oh! Com que reconhecimento aceita cada alma seu Purgatório. Sente-se feliz que Deus, na bondade, a manda para o Purgatório. É o lugar de redenção, onde as almas são apanhadas ante o abismo, é a última salvação - uma invenção do Amor misericordioso. 

Pe Erasmo - O Segredo do Purgatório

terça-feira, 12 de novembro de 2019

Perseverança em orar pelos mortos

"Me é permitido levantar os olhos ao Céu e perguntar a mim mesmo, se, com as minhas orações de todos os dias por essas almas, com a minha assiduidade em lhes dar, todos os dias, a parte satisfatória de minhas obras e aplicar-lhes as indulgências que lucrei, não teria eu contribuído para que alguma delas fosse chamada a gozar da visão de Deus?! Oh! se assim fosse, meu Deus, se eu pudesse dizer: Há no Céu, a esta hora, uma alma que me deve o seu resgate do Purgatório: uma alma que fala de mim ao bom Deus, que o glorifica em meu nome, que por mim louva e ama a Santíssima Virgem! se assim fosse, quanto seria eu feliz! Só poderei sabê-lo por um milagre, e esse milagre, eu não o peço: mas, o que sei e ouso afirmar é que, cedo ou tarde, se continuar as minhas orações, meus sufrágios, o dom generoso dos próprios méritos que para mim só posso reservar, e se, ao mesmo tempo, eu me conservar em estado de graça, um dia gozarei essa alegria de ter resgatado uma alma do Purgatório. Não quero, portanto, deixar de interessar-me por essas almas desditosas! Vai nisso, a glória de Deus; vai nisso minha salvação também!
Em algumas comunidades, vê-se à porta da capela ou do refeitório, um quadro com o título de sorteio espiritual em favor das almas do Purgatório. Aí, precedidas por um número ordinal, são designadas por uma denominação particular muitas das almas do Purgatório.
Abaixo do quadro, numa caixinha ou bolsa, está uma série de números correspondente à do quadro e, todas as segundas-feiras, cada Religioso, ao passar, tira um desses números, e deve, durante a semana, aplicar o fruto de suas orações e obras à alma que assim lhe é designada. Reproduzimos uma parte deste quadro, que poderá servir para direção de nossas intenções. Poder-se-á dizer, por exemplo: Ó Jesus, em união com a santa Virgem e meu Anjo da Guarda, eu vos rogo, por vossa Paixão, o alívio da alma do Purgatório... a mais desamparada."

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

As Almas do Purgatório na hora da morte dos que as socorrem

É certo, diz um autor, a ingratidão não pode existir no Purgatório. Aquelas benditas Almas hão de proteger e socorrer os que as aliviam nesta vida com seus sufrágios. O célebre Cardeal Baronio  conta que uma pessoa devota das Santas Almas foi terrivelmente tentada na hora da morte. Estava desolada e quase em estado de desespero, quando uma multidão de pessoas veio em seu auxílio. Logo ficou livre de toda tentação e entrou em doce paz. Perguntou curiosa:

     - Que multidão é esta que entrou aqui e na mesma hora senti tanto alívio e fui socorrida pelo Céu?
     - Somos as Almas que tirastes do Purgatório, responde uma doce voz e viemos buscar a vossa Alma para juntos entrarmos no Céu.

     Ao ouvir estas palavras, a agonizante feliz sorriu e expirou. São Felipe Neri era também devotíssimo das almas, e, cheio de caridade, nunca deixou de socorrê-las em toda sua vida. Muitas vezes lhe apareceram para lhe testemunhar uma gratidão profunda. Depois da morte do Santo, um de seus confrades o viu na glória do Céu, cercado de uma multidão de bem-aventurados no esplendor da glória eterna.

     - Que corte é esta que vos cerca? Pergunta o Padre.
     - São as Almas que com meus sufrágios ficaram livres do Purgatório. Vieram me acompanhar na glória.

     Um dia Santa Brígida, numa visão que teve do Purgatório, ouviu a voz de um anjo que descia do Céu para consolar as Almas e repetia:

     - Bendito seja aquele que ainda na Terra enquanto vivo, ajuda as Almas do Purgatório com suas orações e boas obras! A justiça de Deus exige que necessariamente as Almas sejam purificadas pelo fogo, e as obras boas dos amigos das Almas as possam livrar do sofrimento.

     Doas abismos a Santa ouviu também esta súplica:

   
 "Ó CRISTO JESUS, nosso Juiz justíssimo, em nome de vossa misericórdia infinita, não olheis as nossas faltas que são inumeráveis, mas os méritos do vosso Preciosíssimo Sangue derramado na Paixão! Senhor, fazei que os eclesiásticos, religiosos e prelados, com um sentimento de caridade que Vós lhes dareis, venham nos socorrer em nossa triste situação por suas orações, esmolas, indulgências e que eles nos tirem de nossa triste situação."
     Outras vozes respondiam agradecidas: Graças, mil graças, Senhor, a todos os que nos aliviam em nossos sofrimentos. Senhor, que o vosso poder pague o cêntuplo aos nossos benfeitores que nos trazem a vossa eterna e divina luz.
     Era a voz da gratidão do Purgatório. Na morte e depois da morte, seremos recompensados pelo que tivermos feito em sufrágio das benditas Almas do Purgatório.

domingo, 10 de novembro de 2019

As almas dos justos não nos deixam


“Não esqueçais vossos mortos, vós a quem eles tanto amaram!” Vi estas palavras gravadas, na porta de um cemitério, aos pés de um crucifixo, e me despertaram uma série de pensamentos de tristeza, de confusão e de remorso!
Não esqueçais vossos mortos, que tanto vos amaram! Estas palavras se deveriam escrever, não só na porta do cemitério em que repousam seus corpos, aguardando a ressurreição, mas ainda em cada um dos móveis que temos ao redor de nós e que deles recebemos.
Neste aposento. — Não foi ele, esse finado talvez já esquecido, esse pai que queria tanto; não foi ele quem o dispôs tal qual está proporcionando-nos tantas comodidades?
— Não - foi nesse leito que ele exalou o último suspiro, que nos disse o derradeiro adeus e que nos deu a sua ultima benção?
Nestes moveis. — Não foi essa mãe, de quem talvez já não nos lembrávamos, quem os comprou para nós? Evoquemos nossas recordações: foi para a festa de nosso dia de anos: ela fizera economias, condenara-se a privações para nos adquirir esses objetos, porque uma vez lhe manifestamos vagamente o desejo de possuí-los.
Nesta cadeira. — Não é a que ela ocupou em seus últimos dias, donde tanto nos acariciava? Esse lugar junto à mesa não era o seu?
Neste crucifixo que guardamos como uma relíquia, — Não recebeu ele os ósculos derradeiros de um pai, de uma mãe, de um filho? Neste oratório. — Não era aquela boa irmã, menina tão piedosa, quem o ornava? Nós vínhamos rezar ali com ela e, chamados por ela, vínhamos todos, pai, mãe, os irmãos lembrança daquela que já não pode mais orar conosco.
Ó meus mortos mui queridos, com que dita eu acolho estas recordações que me comovem, consolando-me? com que prazer eu vos revejo em espírito e peço a Deus vosso alívio, vossa paz, vosso repouso eterno!
Se o tivésseis querido, Senhor, estes seres tão amados, viveriam ainda e estariam junto a nós!
Eu me resignei à vossa santa vontade: aceitai em atenção a esta resignação dolorosa, mas submissa, recebei as orações que por eles faço hoje e quero fazer todos os dias deste mês.
A lembrança dos mortos é um encanto para o coração. Uma animação para o trabalho. Um conforto para as horas do cansaço. Um freio para o ímpeto das paixões.
Quantas vezes, vendo um órfão crescer e desenvolver-se na inteligência e no coração, dizem os amigos da família: Oh! se os pais o vissem, como se julgariam felizes !
Quantas vezes, também nós temos dito nessas horas em que, aflitos, não encontramos um coração que se nos abrisse e com o qual desafogássemos: ah! se minha mãe aqui estivesse, eu não sofreria tanto! se meu irmão, se minha irmã, se meu amigo vivesse, não estaria agora abandonado!
Qual de nós se não surpreendeu já num desses momentos de angústias que atravessam toda a existência humana, exclamando: Meu pai! minha mãe!
Até em nossas alegrias, em nossos triunfos, acaso não ternos repetido às vezes: Se minha mãe me visse, que prazer teria!
Recordações tão caras, embora tão dolorosas, vós rejuvenesceis minha vida!
Quantas vezes, um bilhete velho de um amigo de infância, — uma carta, principalmente de pai ou mãe, demonstrando-nos sua afeição, dando um conselho, fazendo uma advertência, — carta deparada por acaso no fundo de uma gaveta, levou-nos de novo a esses dias passados em que vivemos todos juntos, trabalhando e sofrendo unidos, e ajudando-nos uns aos outros! E essas recordações nos despertaram também a de que não fomos sempre bastante indulgentes, bastante obedientes e amantes: e pusemo-nos a corrigir os erros.
Oh! não será estéril a lembrança de hoje! Meu pai, minha mãe, vou reler vossas cartas, escutar vossas advertências, e a satisfação que não vos dei, quando estáveis a meu lado, vós a tereis agora.
Conta-se de uma mãe que, na idade em que a filho começava a compreender e sentir, o levou em frente ao retrato do pai e lhe disse: Jura que te esforçarás para ser digno dele!
O menino jurou, e, por vezes, se detinha ante o retrato que parecia olhá-lo, e assim o interpelava: Meu pai, está contente comigo?
Eis a minha promessa de hoje: Sim, eu me farei digno de vós, ó meus mortos muito amados! Vós me haveis de ver fiel a Deus, fiel a meus deveres, fiel aos vossos exemplos.
Se a lembrança dos mortos é tão grata, se tem tanta força para nos determinar a fazer o bem, que será o pensamento íntimo de nossas relações de cada instante com eles?
A doutrina católica oferece a perspectiva mais consoladora sobre essa estreita e afetuosa comunicação das almas dos escolhidos, que começa além-túmulo e prossegue na bem aventurança eterna.
O ensino da Igreja nos permite crer que nossos defuntos não estão ausentes, mas apenas velados e sempre junto a nós.
Ah! o pai, a mãe, o filho, o amigo a quem eu prezava, não era somente aquele Corpo que se via e se tocava, mas também aquela alma a quem Deus havia concedido toda a afeição que me mostrava e que eu lhe retribuía. Aquela alma já não se manifesta mais exteriormente, porém ainda me faz sentir sua presença.
Falem a respeito aqueles a quem Deus outorgou a graça de compreender o que essa comunicação das Igrejas militante e purgante encerra de consolador e suave! «Aquele a quem choramos, escrevia Fenelon, não se ausentou de nós, fazendo-se invisível. Ele nos vê, ele nos quer, ele se compadece de nossas necessidades. Os sentidos e a imaginação só é que perderam seu objeto. Aquele que já não podemos ver, está mais do que antes conosco. Encontrá-los-emos sempre no meio de nós, olhando-nos e oferecendo-nos os verdadeiros socorros. Não - sofrendo mais suas enfermidades, melhor do que nós conhece ele as nossas, e pede os remédios que nos dão cura. Embora privado de vê-lo há muitos anos, eu lhe falo, abro-lhe meu coração, tenho a crença de encontrá-lo na presença de Deus; e, conquanto já o tenha chorado amargamente, não posso dizer que o perdi. Oh! quanto é real esta união íntima!»
«A morte, diz S. Bernardo, não separa dois corações unidos pela piedade.»
«As almas dos justos não nos deixam. Se quisermos, elas se conservarão conosco e nos farão experimentar um bem estar indefinível, mas real. Invoquemo-las frequentemente com as nossas preces, com as nossas aspirações, e com as boas obras que lhes fizeram e também a nós farão ganhar o Céu.» (Gergerès)
Eu posso, portanto, associar-vos a meus trabalhos, a minhas orações, a minhas alegrias, a minhas tristezas, ó meus queridos finados! Que bem me faz este pensamento!

Livro: Mês das almas do purgatório - Mons. Dr. José Basilio Pereira Editora Mensageiro da Fé Ltda. - Edição de 1943

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Maria Santíssima consola as pobres almas do purgatório

Muito felizes são os devotos desta piedosíssima Mãe. Pois ela não só os socorre neste mundo, mas também no purgatório são assistidos e consolados com a sua proteção. Por terem essas almas maior precisão de socorro, empenha-se a Mãe de Misericórdia com zelo ainda mais intenso em as auxiliar. Elas muito padecem e nada podem fazer por si mesmas. Diz S. Bernardino de Sena que Maria Santíssima tem nesse cárcere das esposas de Jesus Cristo certo domínio e pleno poder, tanto para aliviá-las como também para livrá-las completamente daquelas penas.


Em primeiro lugar traz alívio às almas. O sobredito Santo aplica-lhe as palavras do Eclesiástico: Caminho por sobre as ondas do mar (28, 8). Isto é, visitando e assistindo meus devotos em suas aflições. Compara ele às ondas as penas do purgatório, porque são transitórias e por isso diferentes das do inferno, que nunca passam. Chama-as as ondas do mar, porque são penas muito amargosas. Os devotos de Maria, aflitos com estas penas, são por ela visitados e socorridos freqüentemente. Eis aqui, pois, quanto importa, diz Novarino, ser fiel servo desta boa Senhora, que não se esquecerá de nós quando padecermos naquelas chamas. Embora Maria socorra todas as almas que penam, contudo obtém para seus devotos mais indulgência e maior alívio.

Revelou Nossa Senhora a S. Brígida: Eu sou a Mãe de todas as almas do purgatório; pois por minhas orações lhes são constantemente mitigadas as penas que mereceram pelos pecados cometidos durante a vida. Digna-se até essa Mãe piedosa entrar naquela santa prisão para visitar e consolar suas filhas aflitas. “Penetrei no fundo do abismo” (Eclo21,8), isto é, do purgatório — como explica S. Boaventura — para consolar com minha presença essas santas almas. Oh! como é boa e clemente a Santíssima Virgem, exclama S. Vicente Ferrer, para as almas do purgatório, que por sua intercessão recebem contínuo conforto e refrigério! E que outra consolação lhes resta em suas penas, senão Maria e o socorro dessa Mãe de miseri-córdia? Ouviu S. Brígida dizer Jesus Cristo a sua Mãe: És minha Mãe, és a Mãe de Misericórdia, és o consolo dos que sofrem no purgatório. A mesma Santa revelou a Santíssima Virgem: Um pobre doente, aflito e desamparado numa cama, alenta-se ao ouvir palavras de consolo e conforto. Assim também as almas do purgatório enchem-se de alegria, só em ouvir pronunciar o nome de Maria. — O nome só de Maria, nome de esperança e de salvação, que continuamente invocam naquele cárcere, lhes dá um grande conforto. Apenas a amorosa Mãe as ouve invocá- la, logo faz coro com as suas preces. Ajuda-as o Senhor, então, refrigerando-as com um celeste orvalho nos grandes ardores que padecem.

(Glórias de Maria – Santo Afonso Maria de Ligório)