terça-feira, 5 de novembro de 2019

As almas mais abandonadas


Como já dissemos, os mortos são muito esque­cidos. Os vivos os choram pouco tempo e depois os abandonam para sempre ao esquecimento das sepul­turas, e o que é mais doloroso, ao abandono e esqueci­mento no purgatório. Há no purgatório as almas que chamamos as mais abandonadas. Devem ser inume­ráveis. Por elas nem uma Santa Missa, nem uma ora­ção, nem um sufrágio sequer dos que elas amaram tanto neste mundo, e, quem sabe, encheram de be­nefícios e talvez estejam aproveitando o que deixa­ram aqui em herança e patrimônios. Que dura in­gratidão! Como sofrem estas pobres almas! O es­quecimento dói muito neste mundo. Que diremos no outro, no purgatório! Então, aquelas pobres al­mas parecem gemer, como o profeta Jó: Miseremini mei saltem vos amici mei, quia manus Domini teti­git me! Tende compaixão de mim, tende compaixão de mim, pelo menos vós, meus amigos, porque a mão de Deus me feriu!

Que gemido angustioso! Sim, a mão da Justiça de Deus fere as pobres almas para santificá-las e pu­rificá-las, e elas só dependem de nós. E quando se veem abandonadas dos seus, clamam: pelo menos vós, meus filhos, meus parentes, meus amigos, meus be­neficiados, vós que me amastes na terra!...

Em vão clamam tantas vezes! Não são ouvidas, porque seus amigos e parentes, preocupados com os prazeres, as honras, o dinheiro, as vaidades, nem querem pensar nos mortos, e nem se lembram num ato de fé, que podem seus parentes e seres muito caros estarem nas chamas expiatórias, a sofrer!

Daí o abandono das pobres almas. Há outras po­brezinhas que neste mundo nem deixaram amigos ou parentes. Não têm mesmo quem reze por elas. Po­bres criaturas que deixaram esta vida ignoradas. Quem se lembrará delas?

É verdade que nos desígnios misericordiosos de Deus, muitos sufrágios dos ricos Nosso Senhor apli­ca aos pobrezinhos, segundo dizia a Beata Ana Taigi, que numa revelação viu a alma de um cardeal sem receber no purgatório sufrágios de muitas Missas, porque Nosso Senhor as aplicava pelas almas dos po­brezinhos que morreram e ficaram abandonados. To­davia, não deixa de haver no purgatório almas abandonadas.

Em Fátima, Nossa Senhora pedia orações pelas almas abandonadas. Os pastorinhos rezavam: Meu Jesus, perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, li­vrai as almas do purgatório, especialmente as mais abandonadas.

É, sem dúvida, uma grande obra de caridade. Quantas graças não podemos alcançar por este ato de caridade tão agradável a Nosso Senhor!

Vamos, pois, tenhamos caridade, tenhamos pie­dade das pobres almas sofredoras. Deus não permi­tirá que sofra muito no purgatório quem neste mun­do socorreu os mortos. Portanto, é de nosso inte­resse sufragar os mortos. A devoção às almas é muito necessária! Milhões de fiéis devem sofrer no purgatório! Se ao invés de flores e túmulos pomposos e gastos inúteis, orassem e fizessem boas obras e oferecessem muitos a santa Missa pelos seus mortos, não haveria tantas pobres almas abandonadas!

Se ao invés de andarem à procura de centros de espiritismo para uma absurda comunicação com os mortos, tantos se lembrassem de que se iludem ou falam com o demônio iludidos e deixam seus parentes e amigos em maiores penas, ai, as pobres almas do purgatório não seriam almas abandonadas...

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