sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

LIÇÕES DADAS PELAS ALMAS DO PURGATÓRIO PARTE 2

II. Reparar os pecados pela penitência



Santa Brígida viu, um dia, ante o Soberano Juiz, uma alma do Purgatório, que estava trêmula e confusa e a quem era intimada que declarasse publicamente os pecados que não tinham sido seguidos de penitência suficiente e que lhe haviam merecido a punição que sofria. A alma exclamava com uma voz que cortava o coração: Infeliz de mim, infeliz! — e em soluços, fazia a enumeração de tudo o que a manchava e prendia tão longe do Céu. Não reproduziremos essa visão, mas dela extrataremos a relação das principais faltas que, como vermes roedores, torturam uma pobre alma do Purgatório. «Perdi meu tempo, esse tempo bem precioso do qual todos os momentos podiam servir para expiar meus pecados, praticar uma virtude, merecer o Céu: eu o perdi em conversações fúteis, em ocupações banais e sem objeto, em leituras recreativas demasiado prolongadas; — é por isso que sofro! Esqueci por negligência minhas penitências sacramentais: as fiz mal por dissipação, e aceitei-as sem espírito de fé: — é por isso que sofro! Caí em murmurações contra meus superiores, meu confessor, meus parentes; murmurações leves, sem dúvida, mas partidas do amor próprio magoado, da falta de respeito, do ciúme; — é por isso que sofro! Consenti em pensamentos de vaidade a respeito do trajar, sobre os acessórios da casa, acerca de predicados de família; vesti-me com orgulho, segui as modas com ostentação, afetei um asseio exagerado; — é por isso que sofro.
Eu me proporcionei, sem nenhuma necessidade, pequenas sensualidades durante minhas refeições e fora delas, num viver voluptuoso e descuidado, num zelo excessivo do bem estar, no abuso do descanso corporal, na fuga de tudo que naturalmente modificaria os sentidos;— é por isso que sofro! Em conversação, atirei ditos espirituosos com o fim de ser elogiado, apreciado, distinguido, e para brilhar mais que os outros; — é por isso que sofro! Faltei à caridade que me chamava em socorro do próximo: faltei à caridade, deixando de o consolar, de o defender, de o aconselhar ao bem; conservando voluntariamente um pequeno pensamento de rancor, de inveja; — é por isso que sofro! Omiti por negligência e incúria muitas comunhões que me eram permitidas: fui remisso em minhas devoções, pouco aplicado em meu terço e na oração; — é por isso que sofro!» Meu Deus! como estas confissões me instruem!

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