Nos arredores de Roma vivia um moço cuja vida de escândalos e de pecados era bem conhecida de todos. Todavia, o infeliz, apesar de tão pecador, conservava a fé e não deixava a devoção de sufragar quanto podia as almas do purgatório. Mandava celebrar Missas por elas, rezava e dava esmolas aos pobres nesta intenção. Era a única prática de piedade em meio de tantos pecados. Naturalmente, este moço com seu temperamento arrebatado e valentão, tinha grande número de inimigos, e andavam estes planejando matá-lo em um momento oportuno. Sabiam os inimigos que havia de passar ele pela estrada de Trivoli e preparam-lhe uma emboscada. Ao se aproximar da estrada, numa encruzilhada perigosa, a cavalo, deu com um pobre moço enforcado numa árvore. Era um criminoso condenado à morte, cujo cadáver ainda pendia para escarmento dos bandidos. O jovem tinha costume de nunca deixar de rezar pela alma de quantos via mortos. Parou, desceu do cavalo, ajoelhou-se diante do cadáver e rezou por aquela alma. Uma voz misteriosa se ouviu: desce e corre, porque te perseguem! Assustado, desceu, correndo pela estrada. Os inimigos descarregaram as armas e como viram o cadáver do enforcado caído, julgaram ser o jovem, e fugiram às pressas.
Uma voz se fez ouvir, então, ao jovem: meu amigo, aquela descarga deveria te matar e lançar tua alma pecadora no inferno. A misericórdia de Deus te salvou pela caridade que praticas para com as almas do purgatório. Elas te socorreram. Muda de vida enquanto é tempo.
O moço, todo contrito e sinceramente arrependido da sua má vida, resolveu deixar o mundo; entrou numa ordem austera, fez penitência e levou vida santa até o fim dos seus dias. — (Citado por Rossingnoli, 5.ª maravilha — e J. B. Manni, Sacra Trig. Disc. 12.).
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