terça-feira, 14 de janeiro de 2020

4° Motivo para Socorrer as Almas do Purgatório

Quarto motivo: O julgamento que nos espera após a morte

Ouvi estas palavras do Evangelho: O que fizerdes ao mínimo dos meus, é a mim que o fazeis. — Sereis medidos com a mesma medida de que houverdes usado com outros. Virá um dia, e talvez esse dia não esteja longe, em que estareis vós mesmos no lugar da terrível expiação. Conhecereis então, por uma experiência pessoal e dolorosa, o que é o Purgatório; e, como as pobres almas que lá sofrem a esta hora, clamareis com um acento aflitivo: — tende piedade de mim, tende piedade! E, por uma justa permissão divina, estes gritos despedaçadores penetrarão na alma daqueles a quem vos dirigirdes na medida em que agora as súplicas das almas calam em vosso coração: esquecestes? sereis esquecido!; repelistes como importunos seus pedidos de orações? vossas instâncias também serão repelidas; — não quisestes sofrer uma privação para dar uma esmola em favor dos mortos? não se fará esmola em vosso beneficio. E assim ficareis só, sem amigos, obrigado a permanecer no fogo purificador até expiardes vós mesmo ainda a mais pequena mancha. E, mesmo quando, mais caridosos que vós, vossos parentes intercedessem por vosso livramento, Deus, árbitro supremo da aplicação de seus sufrágios, quiçá não vos deixará sentir em toda sua medida os efeitos de uma caridade da qual vos tornastes tão pouco digno. Oh! não nos coloquemos em condições de ser assim abandonados!
Mas, se houverdes sido bom, dedicado, generoso com essas pobres almas, é Deus — Ele o disse — é Deus mesmo que vos retribuirá, e no cêntuplo, o que tiverdes feito em seu nome pelos seus, e, até dado que vossos parentes e amigos vos abandonem, Deus suscitará boas almas que hão de orar e expiar por vós; ou, talvez, por uma abundância de graça toda especial, aumentando aqui mesmo na terra vosso amor por Ele, vos fará expiar em vida todos os vossos pecados. Deus é muito justo para deixar uma só ação boa sem recompensa, e, recompensando como Deus, dá sempre mais do que se lhe deu. Terminemos com estas palavras de Santo Ambrósio: «Tudo o que damos por caridade às almas do Purgatório converte-se em graças para nós, e, após a morte, encontramos o seu valor centuplicado.» O Purgatório é como um banco espiritual em que podemos depositar cotidianamente nossas boas obras, por menores que sejam; e aí estão em seguro e se multiplicam; e, quando nos vemos aflitos e inquietos, daí vem, como viria o rendi-mento de um dinheiro depositado, a luz, a força e a prudência que nos são preciosas em nossas dificuldades. Sejamos, pois, generosos, muito generosos.

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