terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Os santos e as almas mais abandonadas

Muitos Santos tiveram esta devoção. Santa Ca­tarina de Genova, Santa Catarina de Sena, Santo Afonso de Ligório, São Francisco de Sales e princi­palmente o grande apóstolo da caridade, São Vicente de Paulo. Este grande coração, cuja vida se passou a ajudar os abandonados e infelizes da terra, por este mesmo instinto divino de caridade se voltava para as almas abandonadas e sofredoras do purgatório. Era a sua grande devoção socorrer as almas mais abandonadas.

Uma piedosa serva de Deus, Irmã Maria Denise da Visitação, e que no século se chamava Mme. Martignat, pertencente a família da nobreza, ao invés de encomendar a Nosso Senhor a alma dos pobrezi­nhos, recomendava a alma dos ricos e dos grandes da terra. Estranharam isto e ela dava as razões: “São às vezes as almas mais abandonadas e as que tem mais necessidade de sufrágios. Passaram uma vida folgada, não fizeram muita penitência e sabe Deus que terrível purgatório não lhes está reserva­do, se conseguiram se salvar pela Divina Misericór­dia”. E tinha razão. Além do mais, depois das pom­pas fúnebres nas quais entra muita vaidade da fa­mília, às vezes segue-se um esquecimento e abando­no completo do pobre morto. Oremos muito pelas almas abandonadas, porque elas não deixarão de pe­dir por nós quando libertadas por nossos sufrágios. Para a Igreja nunca seremos almas abandonadas, é verdade.

A Igreja, nossa Mãe, só ela nunca esquece e cada dia sem cessar, em milhares de altares em toda ter­ra, lembra, ante a Hóstia divina, os mortos. — Me­mento! Memento! Lembrai-vos, Senhor, daqueles que nos precederam com o sinal da fé e agora descansam no sono da paz. Nós Vos suplicamos, Senhor, dignai- vos concedê-la a estes e a todos que descansam em Jesus Cristo Nosso Senhor.

Que tocante oração! Só para a Igreja os mortos não são esquecidos.

Tanta lágrima, tantas flores, tantos suspiros em alguns dias e meses. Depois... o frio e duro esqueci­mento. Dura lei! É verdade, não havemos de chorar a vida toda os nossos mortos, e a esperança cristã nos diz, no Prefácio da Missa, dos defuntos que a vida para eles não se acaba, muda-se — Vita mutatur, non tollitur. Eles, os nossos mortos, vivem no seio de Deus. E a maioria deles expia nas chamas do purgatório. É uma verdade terrível e consoladora. E por isto nosso esquecimento é grave e cruel.

Que para nós não haja almas abandonadas! Es­tejam todas em nossa lembrança e em nossos sufrá­gios. Depois da morte veremos quanto nos foi pro­veitosa esta bela devoção e este ato generoso de caridade.

Imitemos os Santos, que acudiam generosamente as almas mais abandonadas.

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