domingo, 29 de dezembro de 2019

Ai! Como são esquecidos os mortos!

Quem se lembrará de nós alguns anos após a nos­sa morte? Talvez uma lembrança vaga, uma evocação de saudade muito apagada. E como somos orgulho­sos hoje! Tanto nos fere a mágoa um esquecimento mesmo involuntário! Felizes os que se desiludem e se desapegam das amizades e vanglorias da terra an­tes que chegue a Mestra e Doutora da Vida — a Morte!

Como se compadecem todos dos enfermos! Que carinho e solicitude e mil sacrifícios em torno do lei­to de um pobre doente que geme! Porém, veio a mor­te. Pranto, homenagens sentidas, flores, túmulos, necrológios, e... esquecimento. Hoje afastam a idéia da morte como se fôssemos todos imortais. É mis­ter esquecer os defuntos, deixá-los no túmulo, evitar esta preocupação doentia da morte e da eternidade.

Morreu, acabou-se! Vamos rir, vamos dançar e cantar. Deixemos que a vida corra alegre e feliz. Não pensemos mais na morte e muito menos em mor­tos. Não é assim que fala e age o mundo louco e ma­terialista de hoje?

Ai! Como são esquecidos os mortos! O materia­lismo estúpido não compreende nem a beleza, nem a consolação, e o culto da memória dos mortos como o tem a Igreja católica. Para nós, eles não morreram, mudou-se-lhes a condição da vida: Vita mutatur, non tollitur!

Nenhum comentário:

Postar um comentário