
O quarto desejo do Coração de Jesus
é o livramento das almas do Purgatório
Almas queridas de Jesus, almas muito amadas que Ele vê sofrer, e que, em respeito a Sua justiça, ainda não pode livrar!
Estas
almas chamam-nO, desejam-nO, dizem-Lhe a cada instante: “Quando Vos
veremos, Senhor?… E choram menos pelas dores que experimentam que por
se verem separadas de Jesus! Parece-me, dizia uma Santa, estar vendo
Jesus que estende para mim uma das Suas mãos, dizendo-me: “Estas pobres
almas devem-me orações, missas mal ouvidas, mortificações, esmolas que
deveriam ter feito… Satisfazei por elas”.
Sim, Jesus, quero começar hoje mesmo.
“Darei, de tempos a tempos, uma esmola pelas almas do Purgatório”.
Exemplo
Santa
Margarida Maria recomendou, vivamente, em suas instruções, o seguinte:
“À noite, dareis uma voltinha pelo Purgatório, em companhia do Sagrado
Coração, consagrando-Lhe tudo o que houverdes feito, e pedindo que Se
digne aplicar os Seus merecimentos às santas almas que padecem. E ao
mesmo tempo lhes pedireis também, queiram interpor o seu poder para vos
alcançarem a graça de “viver e de morrer no amor e fidelidade ao Sagrado
Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, correspondendo aos Seus desejos
de [amor]”. Noutro escrito que deixou, lê-se: “Numa noite de
Quinta-feira Santa, tendo eu alcançado licença para passá-la diante do
SS. Sacramento, estive uma parte do tempo como cercada destas almas
pobres: e Nosso Senhor disse-me que me dava a elas todo este ano, para
lhes fazer todo o bem que pudesse.
Desde
então, vem elas ter muitas vezes comigo; e não lhes dou outro nome
senão o de minhas “amigas penadas”. Eu pedia em favor delas sufrágios e
aplicações de Missa dizendo: “Muito mais obrigada vos fico pelo bem que
lhes procurais do que se a mim mesma o fizésseis”. Outras vezes,
regozijava de terem saído livres pelas orações e penitências que por
elas fizera: “Esta manhã, domingo do Bom Pastor, duas das minhas boas
amigas que sofrem, vieram dar-me um adeus; porque hoje o soberano
Pastor as recebia no Seu redil da eternidade, com outras que iam
entoando cânticos de alegria que se não podem explicar”. Estes piedosos
sentimentos de Sta. Margarida Maria se manifestavam também na mesma
época numa Religiosa de alta virtude. Maria Vitória da Encarnação, do
Convento das Clarissas da Bahia, cuja vida foi escrita pelo arcebispo D.
Sebastião Monteiro.
Era
a santa freira fervorosíssima devota dos mistérios da Paixão de Nosso
Senhor e, às sextas-feiras, fazia a via sacra, carregando uma pesada
cruz e levando à cabeça uma coroa de espinhos a disciplinar-se de modo
que o sangue esguichava sobre as paredes ou corria pelo pavimento;
assim, às vezes, a se arrastar de joelhos, ia até o lugar das sepulturas
e se prostrava sobre elas orando.
Tinha
ainda uma particular devoção ao arcanjo São Miguel como o defensor das
almas do Purgatório, para cujo alívio fazia muitos sufrágios e oferecia
todas as obras de humildade que praticava. Por isso, escreve o seu
ilustre biógrafo, elas a procuravam com toda a confiança: indo, uma vez,
altas horas da noite, ao coro fazer oração, ouviu lastimoso gemido de
um defunto que, por chegar tarde à igreja, ficara por enterrar:
cobrando ânimo, perguntou o que queria, e ele respondeu, pedindo
mandasse fazer sufrágios de que muito precisava; satisfez o pedido no
dia imediato, e o defunto, mais tarde, veio agradecer-lhe. Uma noite,
viu a alma de uma sua serva que lhe falava, quando a companheira que
dormia perto, despertando e vendo um clarão em sua cela, ao tempo em que
lhe ouvia a voz, gritou assustada, fazendo acordar toda a comunidade.
Viu,
de outra vez, a alma da religiosa Madre Luzia, que subia ao céu. De uma
feita, acabada a sua oração no coro, retirava-se, mas a cercaram de tal
sorte as almas, que ficou a orar até romper a aurora. Como para mostrar
que não era isso feito de pura imaginação, permitiu Deus que as almas
lhe imprimissem como três dedos de fogo num ombro, e viram-nos várias
Religiosas, a quem disse por graça: “As minhas amigas me cauterizaram;
não quero mais brinquedos”.
Por
outro lado, elas lhe faziam carinhos e a serviam: em noite de excessivo
calor, uma freira que falava à porta da cela, sentiu uma suavíssima
viração e, não podendo explicar, perguntou donde vinha. Madre Vitória
respondeu: “São as minhas amigas que me estão abanando”. — “Oh! que
consolação é a de ver uma alma em salvação. Veio aqui, nestes dias, uma
tão linda e resplandecente, que excedia a luz do sol”. E, valendo-se
delas, conseguiu a muitas pessoas acharem o perdido, saberem de pessoas
ausentes muito longe ou de coisas futuras que se não poderiam conhecer
naturalmente, e curarem-se prestes de moléstias antigas e graves. Madre
Vitória morreu em 1715, numa sexta-feira, às 3 horas da tarde, dando-se,
nesta ocasião e depois, por muitas vezes, fatos extraordinários que
confirmaram a reputação de santidade que já gozava em sua vida, e que
tem uma longa e detida comemoração na Crônica da Ordem Seráfica.
(Excertos do livro: Mês do Sagrado Coração de Jesus - Padre José Basílio Pereira - 2a. edição, 1913)
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